As temperaturas alcançaram novas máximas no hemisfério norte, onde as ondas de calor e incêndios afetam diretamente a população, como na Grécia, que nesta segunda-feira (17) evacuou cerca de 1.200 crianças de uma região costeira diante do avanço das chamas.

Autoridades de saúde emitiram alertas de calor nos Estados Unidos, Europa e Ásia, e reforçaram a importância de se hidratar e proteger-se do sol, diante da nova demonstração dos efeitos do aquecimento global.

Vários incêndios, alimentados pelos fortes ventos, foram identificados nos arredores de Atenas, capital da Grécia.

Em Kouvaras, a leste de Atenas, um incêndio varreu a área e atingiu outra cidade a cerca de 40 quilômetros a sudeste da capital. A polícia deteve um homem suspeito de iniciar o foco, anunciou um porta-voz do corpo de bombeiros.

A oeste, perto da cidade costeira de Loutraki, ao longo do canal de Corinto, as autoridades retiraram 1.200 crianças de acampamentos de verão, segundo o prefeito, Giorgos Gkionis.

As autoridades emitiram ordens de evacuação em outras áreas ao longo da costa, em decorrência dos fortes ventos que aceleraram a propagação das chamas.

Na Europa, o aquecimento avança duas vezes mais rápido do que a média mundial, de acordo com especialistas.

A Itália, por exemplo, se prepara para enfrentar as temperaturas mais altas de sua história. As ilhas da Sicília e Sardenha esperam chegar aos 48ºC, de acordo com a Agência Espacial Europeia.

Já em Roma, os termômetros devem chegar aos 42 graus nesta terça-feira (18), um recorde absoluto para a capital, segundo a agência meteorológica da Aeronáutica do país.

– Reduzir as emissões –

“Somos do Texas e está muito quente lá, pensamos que escaparíamos do calor, mas aqui está ainda mais quente”, disse o turista Colman Peavy.

O secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, alertou que os “fenômenos meteorológicos extremos têm importantes repercussões na saúde humana, nos ecossistemas, na economia, na agricultura, na energia e no abastecimento de água”.

O especialista insistiu na urgência de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Nesta segunda, a Espanha voltou a enfrentar um fenômeno de temperaturas “excepcionalmente altas” para o período, que aumentaram o risco de incêndios florestais, alertaram autoridades. Os termômetros marcaram 44,7ºC em Jaén e 44,5ºC em Córdoba, ambas províncias da Andaluzia (sul), de acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet).

Na França, as temperaturas devem atingir 40°C na terça-feira no sudeste do país, de acordo com a Météo-France.

– Onda de calor “opressiva” nos EUA –

Nos Estados Unidos, os serviços meteorológicos destacam uma onda de calor “opressiva” no sul e oeste do país e preveem marcas recordes.

No famoso Vale da Morte, na Califórnia, um dos lugares mais quentes do planeta, a temperatura oficial quase alcançou os 52°C no domingo.

Vários incêndios também afetam o sul do estado e já destruíram mais de 3.000 hectares, além de provocarem evacuações da população.

Na Flórida, a cidade de Miami emitiu o primeiro alerta de “calor excessivo” em sua história.

Já no Canadá, mais de 10 milhões de hectares foram destruídos por incêndios desde o início do ano. Nesta segunda, 882 focos permaneciam ativos, incluindo 579 considerados fora de controle, de acordo com o Centro Canadense de Incêndios Florestais (CIFFC, na sigla em inglês).

– Recorde na China –

A China registrou a temperatura de 52,2ºC no domingo, na região de Xinjiang (oeste), um recorde para meados de julho, informou nesta segunda-feira o serviço meteorológico.

Xinjiang, o vasto território parcialmente desértico e que faz fronteira com vários países da Ásia Central, é geralmente a região mais quente da China durante o verão.

O Japão, por sua vez, emitiu alertas para temperaturas elevadas em 32 dos 47 municípios do país, com os termômetros próximos ao recorde absoluto de 41,1ºC, registrado em 2018.

“Está claro que o clima mudou. Antes, a temperatura [na cidade de Yamanashi, próxima a Tóquio] nunca havia chegado aos 30ºC. Agora chega facilmente”, lamentou Tomaya Abe.

O país ainda enfrenta chuvas torrenciais que já deixaram ao menos oito mortos.

Já na vizinha Coreia do Sul, 39 pessoas perderam a vida em decorrência das fortes chuvas dos últimos dias.

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