A Eurocâmara exigiu, nesta quinta-feira (18), “sanções adicionais” contra o governo do presidente Nicolás Maduro por “violações dos direitos humanos” e “repressão”, na primeira resolução sobre a Venezuela do atual hemiciclo eleito em maio.

Por 455 votos a favor, 85 contra e 105 abstenções, os eurodeputados reunidos em Estrasburgo (nordeste da França) apelaram a “sanções adicionais contra as autoridades estatais ‘de facto’ responsáveis pelas violações dos direitos humanos e pela repressão” no país.

A resolução aponta para a “responsabilidade direta” do presidente Maduro, das Forças Armadas e das unidades de Inteligência no “uso indiscriminado da violência para reprimir o processo de transição democrática”, recordando o relatório da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michele Bachelet.

O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, reagiu no Twitter, dizendo que “as instituições da União Europeia estão determinadas a perturbar e a destruir o processo de diálogo na Venezuela”. Arreaza se referia às reuniões realizadas em Barbados por mediação da Noruega.

O relatório de Michelle Bachelet também serviu de base para que os chanceleres dos países da União Europeia, responsáveis pela política de sanções, decidissem dias atrás trabalhar em medidas contra os responsáveis por “torturas e outras violações graves dos direitos humanos”.

A UE, que desde 2017 sancionou 18 autoridades venezuelanas e impôs um embargo de armas ao país, também ameaçou na terça-feira impor novas sanções, se “resultados concretos” não forem registrados nas discussões entre o governo e a oposição em Barbados.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

“O único propósito do diálogo deve ser a criação de condições propícias à realização de eleições presidenciais livres, transparentes e confiáveis com base em um calendário fixo”, disseram os eurodeputados, que reafirmaram seu apoio ao líder da oposição, Juan Guaidó.

Arreaza questionou o fato de a UE prever mais sanções, caso não haja “resultados concretos” nas negociações patrocinadas por Oslo desde maio.

“Alguns dias atrás, foi Federica Mogherini. Hoje, o Parlamento Europeu”, criticou Arreaza, um dos delegados de Maduro nas negociações.

A resolução destaca a crise migratória na região e a crise humanitária na Venezuela, ao mesmo tempo em que pede “a libertação de todas as pessoas arbitrariamente privadas de sua liberdade”. Pede ainda o fim dos “ataques contra os povos indígenas, incluindo seus líderes”.

Além das sanções, a UE criou em fevereiro com vários países latino-americanos e europeus o Grupo de Contato Internacional (GCI), iniciativa que busca a organização de eleições presidenciais “livres e justas” na Venezuela.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias