Nova diretriz: o colesterol que parecia seguro, agora pode ser perigoso

Descubra os níveis de risco segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

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Foto: Envato

O último Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC 2025) trouxe atualizações importantes quando o assunto é saúde do coração. Além da nova classificação que considera a pressão arterial de 12 por 8 como pré-hipertensão, a SBC também endureceu as diretrizes sobre dislipidemias — termo usado para definir o aumento nos níveis de triglicerídeos e colesterol no sangue.

Pela primeira vez, a entidade incluiu a recomendação de avaliar ao menos uma vez na vida um novo marcador, considerado cinco vezes mais agressivo para as artérias do que o colesterol LDL tradicional.

Por que o colesterol preocupa tanto

A preocupação com o colesterol não é recente. Esse tipo de gordura tem a capacidade de se acumular nas paredes das artérias, causando a aterosclerose, processo que enrijece os vasos sanguíneos e aumenta significativamente o risco de doenças graves, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Essas condições seguem como principais causas de morte, não apenas no Brasil, mas no mundo todo.

LDL: o “colesterol ruim” em evidência

O grande destaque da atualização foi a lipoproteína de baixa densidade (LDL), popularmente conhecida como “colesterol ruim”. Para pessoas de baixo risco cardiovascular, o valor de referência antes era até 130 mg/dL.

Agora, após a atualização, esse limite caiu para 115 mg/dL.

•Se o LDL ultrapassar 145 mg/dL, pode ser considerado o tratamento medicamentoso.

Nova categoria: risco cardíaco extremo

Outra novidade foi a criação de uma categoria inédita, chamada risco cardíaco extremo.

Ela se aplica a pessoas com histórico familiar de doença cardiovascular precoce, diabetes, obesidade ou outras doenças crônicas.

Para esse grupo, o LDL deve permanecer abaixo de 40 mg/dL, devido ao risco muito elevado de complicações graves.

O “Lp-azinho”: um vilão cinco vezes mais perigoso

De forma inédita, a SBC passou a recomendar a dosagem de lipoproteína(a), ou “Lp-azinho”, pelo menos uma vez na vida.

Esse marcador é considerado cinco vezes mais prejudicial às artérias do que o LDL. O grande desafio é que ele não é influenciado pelos hábitos de vida, mas sim pela genética.

•O valor ideal deve se manter abaixo de 30 mg/dL (ou 75 nmol/L).

Não-HDL: mudanças no valor ideal

As diretrizes também atualizaram os valores do colesterol não-HDL, que inclui todas as frações de colesterol exceto o HDL (o chamado “colesterol bom”).
• Antes: limite era de 160 mg/dL.
 • Agora: o ideal passou a ser até 145 mg/dL para pessoas de baixo risco cardiovascular.

40% dos brasileiros têm colesterol alto, uma doença majoritariamente silenciosa

Estima-se que 40% da população brasileira viva com colesterol elevado, muitas vezes sem apresentar sintomas.

Por isso, mudanças de hábitos de vida são fundamentais, assim como o monitoramento regular através de exames.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, alguns alimentos têm maior potencial de elevar o LDL, como:
•gema de ovo,
•bacon e toucinho,
•pele de frango,
•torresmo,
•manteiga, creme de leite e nata,
•frituras em geral,
•salsichas, linguiças e carnes processadas.

Esses alimentos devem ser consumidos com moderação.

Já a prioridade deve estar em alimentos in natura, como:
•vegetais folhosos,
•leguminosas,
•frutas,
•oleaginosas,
•laticínios magros e
•carnes magras.

Além disso, a prática regular de atividade física continua sendo essencial na prevenção e no controle do colesterol.

As novas diretrizes reforçam que não basta apenas se preocupar com a alimentação: é preciso acompanhar os níveis de colesterol, incluindo marcadores genéticos como a lipoproteína(a). Manter hábitos saudáveis e realizar exames periódicos são os melhores investimentos para proteger a saúde do coração e evitar que problemas silenciosos se tornem ameaças graves.