Nem o mais ingênuo dos europeus deixou de entender na semana passada a crueza da fala e a amplitude da estratégia da premiê britânica Theresa May. Em seu primeiro pronunciamento oficial sobre os passos que serão dados na direção da saída do Reino Unido da Comunidade Europeia, ela foi cortante: o “brexit será duro”. A definição não poderia ter sido mais adequada para quem, na sequência, anunciou que “haverá rompimento” com o mercado comum europeu porque os britânicos veem novos horizontes em diversas partes do mundo (incluído o Brasil). A fala foi além: “quero novos parceiros, e não nos interessa ficar meio dentro e meio fora da União Europeia. O mercado único nos impediria de negociar com liberdade nossos acordos”. 91Munida da certeza de que a Europa se desmantela, Theresa May mostrou-se calculista à essa altura de seu discurso, estendendo a possibilidade de firmar novos compromissos comerciais com o próprio mercado comum europeu que ela abandona – como alguém, forte, que oferece a mão ao mais fraco. Para um país que saiu dividido do referendo que avalizou o brexit, o radicalismo nacionalista da premiê caiu bem: a libra teve boa valorização após semanas em queda e agentes financeiros aplaudiram expressões por ela utilizadas, como, por exemplo, ”recuperar o controle” e “pisar no acelerador”. O jornal Daily Mail  resumiu o atual momento da história britânica em uma oportuna charge em que Theresa May aparece pisando na bandeira da União Europeia e sugere que os britânicos parecem estar gostando de vislumbrar na premiê uma segunda “dama de ferro” – título que acompanhou Margaret Thatcher, baronesa de Kesteven, nos onze anos em que governou a Inglaterra, entre 1979 e 1990.

R$ 2,6 bilhões

é o valor do acordo de leniência que a tradicional empresa britânica Rolls-Royce assinará com autoridades da Justiça da Inglaterra, dos EUA e do Brasil. A Rolls-Royce envolveu-se em esquema de propina em pelo menos 12 mercados internacionais. Do montante do acordo, ao Brasil caberá a fatia de R$ 81 milhões. O faturamento da empresa, valendo-se de corrupção, foi de R$ 52 bilhões.

CRIME
O assassinato de Loalwa Braz

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Foi assassinada a cantora Loalwa Braz, do grupo de lambada Kaoma. Seu corpo carbonizado foi encontrado em um carro, na região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Wallace Vieira, funcionário da pousada da qual Loalwa era dona, disse que ela foi queimada viva. Motivo do crime: roubar R$ 15 mil e os discos de ouro que Loalwa Braz ganhara em sua carreira.

ENEM
Choveu zero

Liberado o acesso às notas do último Enem (2016). A Educação anda a passos largos – para trás. 84.236 estudantes tiraram zero. No exame anterior, foram 53 mil. E não subiu o número dos que ficaram com a nota mil: somente 77 candidatos alcançaram-na; no Enem de 2015, 104 estudantes a atingiram.

BRASIL
A safadeza da camisinha
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A camisinha estourou. Estourou no erário e na safadeza. O governo federal acaba de descobrir que uma entidade pública homologou a aquisição de camisinhas por R$ 69 a unidade. Foram compradas com o objetivo de serem distribuídas em postos de saúde. O preço médio de uma embalagem com três preservativos, nas farmácias, é de R$ 10.

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NEGÓCIOS
Brasileiro é rei do tabaco
Por US$ 49,4 bilhões a British American Tobacco (BAT), presidida pelo brasileiro Nicandro Durante, se tornará a maior companhia de tabaco do planeta. É por tal valor que ela está comprando a grande concorrente Reynolds. A BAT (existe em 200 países) é dona de 200 marcas distribuídas no Brasil pela Souza Cruz.

CÂMARA
Unidos contra o polvo

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Rodrigo Maia (à esq.) e Jovair Arantes (à dir.) candidatam-se à presidência da Câmara dos Deputados – no caso de Maia, tenta a reeleição. Na disputa pelo cargo, rivalizam em tudo. Melhor: em quase tudo. Para não quebrarem a regra prevalente na nossa República, concordam, um com o outro, quando se trata de legislar em causa própria. Maia e Jovair dizem sim ao enquadramento de juízes e integrantes do MPF na lei de abuso de autoridade (não carece ser vidente para perceber a clara manobra de esvaziamento da Lava Jato, que se transformará em 2017 num polvo a abraçar políticos). Maia e Jovair também concordam que enriquecimento ilícito de funcionário público não deve ser criminalizado.


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