Há exatos 15 dias, Kristalina Georgieva assumiu o comando do Fundo Monetário Internacional (FMI). Nesta terça, para um auditório lotado, ela deixou de lado as projeções de crescimento global. Para sua primeira participação como diretora-gerente do Fundo, Georgieva escolheu outro tema que, disse, atravanca a prosperidade dos países: a desigualdade de gênero. “Ainda não chegamos lá”, afirmou. Por que falar da diferença entre homens e mulheres? Ela respondeu: “Porque não é só uma coisa boa a se fazer, é também fantástico para se obter melhores resultados”.

Segunda mulher a ocupar o posto mais alto do Fundo, Georgieva mostrou que, assim como sua antecessora, Christine Lagarde, vai manter a igualdade de gênero como uma de suas principais plataformas e se declarou uma ativista “implacável”. “Bem-vindos ao encontro anual. Não é por acaso que a primeira discussão em que entro é sobre esse assunto”, afirmou.

Às mulheres na plateia, pediu: “Nunca aceitem receber menos que seu colega homem para o mesmo trabalho. Nunca”. Aos homens, pediu que deixem de olhar mulheres de cima para baixo e trabalhem com elas pela redução da desigualdade. “Não há forma de qualquer sociedade prosperar sem contar com o talento de todo seu povo, homens e mulheres. É muito simples: se você ignorar parte das suas capacidades vai com certeza ficar aquém em termos de conquistas econômicas”, afirmou.

Para sanar a desigualdade de gênero, ela disse que é preciso não só ter vontade política, mas ir além da discussão e tomar passos concretos. Ela citou, por exemplo, a dificuldade de mulheres na Índia estudarem por falta de segurança. “É um problema que pode ser resolvido.”

Ao falar sobre a própria experiência, a búlgara avalia ter uma “história típica de uma mulher de sua geração”. “Eu trabalhei mais duro do que qualquer homem só para ser igual. Por trabalhar mais e mais duro, fui mais longe do que eles. E aqui estou, comandando o FMI”, disse, sob aplausos da plateia que por vezes não esperava o fim de suas frases. “Tenho filha e tenho neta, e quero que elas trabalhem tanto quanto os homens e sejam iguais apenas porque elas são.”

Em 56 minutos, Georgieva citou dados e pesquisas indicando que empresas são mais lucrativas com mulheres no comando e governos menos corruptos com participação de mulheres na administração, mas também sobre a realidade de uma igualdade de gênero ainda distante. “No FMI, somos 25% mulheres nas posições mais altas. Vocês acham que é como deveria ser? Eu estou perguntando aos homens”, disse, sem continuar até que um homem da plateia respondesse “não”.

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No Fundo, disse ela, também há trabalho a fazer. “Faremos, porque será bom para o Fundo e bom para o mundo.” Georgieva agradeceu Lagarde por ter “quebrado o teto de vidro”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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