O ministro do STF e atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, foi o convidado da live de ISTOÉ nesta sexta-feira (12). Carioca, Barroso nasceu em 1958 no município de Vassouras, interior do Rio de Janeiro.

Observador atento da cena política, o togado em entrevista aos jornalistas José Carlos Marques e Germano de Oliveira falou sobre os movimentos que pedem a volta da ditadura militar, sobre o regime presidencialista, racismo e as cotas sociais e sobre a possibilidade do adiamento das eleições municipais.

O tema que tem provocado imensas especulações e tirado o sono de muitos prefeitos e candidatos. Para esses, o presidente do TSE manda um recado: “A decisão está a cargo do Congresso Nacional, mas ninguém quer a prorrogação de mandatos”, avalia.

Como advogado, Luís Roberto Barroso ficou famoso por atuar em casos de grande repercussão. Defendeu as pesquisas com células-tronco embrionárias, a equiparação das uniões homoafetivas com as uniões estáveis heterossexuais, a interrupção da gestação de fetos anencéfalos e a proibição do nepotismo no Judiciário.

Em outro caso de grande repercussão, Barroso defendeu o italiano Cesare Battisti. O currículo mostra que o pres. do TSE não tem medo de enfrentar pautas que agradam ou desagradam uma parte da sociedade, o olhar do ministro é focado na Constituição.

Ao falar sobre a crise política que sacode o país, ele foi categórico em afirmar que: “Não se deve empurrar para o Supremo as crises [divergências na condução da política econômica, a política e outros erros nacionais] e tirar o foco de onde estão os problemas”, alertou.

Indicado ao cargo pela ex-presidenta Dilma Rousseff, em maio de 2013, Luís Roberto Barroso revelou na live que é contra o financiamento público de campanha adotado no Brasil e nem como foi no passado.

“O antigo modelo de financiamento de campanhas por empresas era mafioso”, afirma.

Segundo ele, o país deveria adotar um modelo privado com teto de contribuição. “A política tem que conquistar a cidadania”, entende. “Empresa não quer caridade”, resume.

Autor de dezenas de livros e artigos, o ministro não foge a qualquer pergunta. Pelo contrário, enfrenta-os refletindo sobre o passado e a perspectiva no futuro. Para ele, “defender a volta da ditadura militar é um pouco de desconhecimento da história. São pessoas que perderam a fé no futuro e tem saudades de um passado que não aconteceu. Só por incultura, desconhecimento do que é ditadura pode almejar a volta dessa experiência.”

Barroso avaliou ainda que a crise aumentou a importância do jornalismo profissional no combate a fake news, mas alerta: “Eu não vendo a ilusão que o judiciário vai ser o vingador mascarado das fake news. Não é fácil caracterizá-las. O TSE é uma ator político. O tribunal não vai resolver nada no tapetão”, afirma.

Barroso não acredita que o país vive uma crise institucional e avalia que é grave que empresários pilantras financiem a desestabilização do país. “Nós não somos mais uma república de bananas. Somos uma democracia que amadureceu e superou os tempos do atraso”.