A corrida do brasileiro ao supermercado para fazer estoques de alimentos e itens de higiene e limpeza, por causa do novo coronavírus, já provoca a redução da oferta de produtos nas lojas, especialmente de mercadorias básicas. O índice de desabastecimento de itens nas prateleiras dos supermercados chegou a 11,3% no sábado em cerca de 20 mil lojas do País, segundo pesquisa obtida pelo Estado e feita pela Neogrid, empresa de tecnologia que monitora pedidos do varejo para indústria.

“Quando passa de 10% já é considerado muito alto”, afirma o vice-presidente da empresa e responsável pelo estudo, Robson Munhoz. O executivo destaca que a trajetória ascendente reflete o pânico que houve na população nos últimos dias para fazer estoques. Em épocas normais, a ruptura, como é chamada a falta de produtos pelos supermercados, varia entre 7% e 8%.

A pesquisa mostra que, de uma cesta de 28 itens mais vendidos e escassos, o antisséptico para mãos foi o campeão: as vendas cresceram 630,5% em março ante janeiro, os estoques caíram quase pela metade (47%) e o índice de falta do produto na loja chegou a 31% no fim de semana. No mesmo período, as vendas de álcool aumentaram 322,7%, os estoques caíram quase 30% e a falta do produto nas prateleiras beirava também 30% no fim de semana.

No caso do papel higiênico, as vendas dobraram de fevereiro para março e a falta chega a 10%, aponta a pesquisa. Alimentos básicos, como leite em pó, longa vida, açúcar e massas, também estão na lista dos mais procurados e enfrentam escassez. E o medo dessa escassez tem mudado os hábitos dos consumidores. “Normalmente não faço estoque: compro o suficiente para o mês. Mas estou preocupada com a questão do reabastecimento nas grandes redes de supermercados”, diz a fisioterapeuta Valéria Ferreira dos Santos, de 41 anos, que já foi nesta semana três vezes às compras, gastou quase R$ 2,5 mil e reforçou itens básicos, como óleo, molho de tomate, artigos de higiene e limpeza.

O aposentado Esdras Alves, de 61 anos, adotou estratégia semelhante. “Não acho correto estocar, mas o problema é o isolamento que virá depois.” A reportagem percorreu hipermercados e constatou a escassez dos produtos apontados pela pesquisa e de vários outros nas prateleiras do Big e do Carrefour.

Limite

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No Extra, há cartazes informando o limite de compra de unidades por pessoa. O Grupo GPA, dono das bandeiras Extra e Pão de Açúcar, informou, por meio de nota, que desde terça estabeleceu um limite de unidades vendidas por cliente para itens de higiene pessoal e alimentos de primeira necessidade e informou que a partir de hoje terá atendimento exclusivo para clientes com mais de 60 anos. O Grupo BIG esclareceu que “o abastecimento de suas lojas está normalizado, mesmo com o aumento do fluxo de clientes”. O Carrefour não se manifestou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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