O  documentário “Histórias que o Nosso Cinema (não) Contava”, dirigido por Fernanda Pessoa (abaixo), apresenta uma colagem de 27 pornochanchadas dos anos 1970 que refletiram e refrataram a economia, a censura, a repressão e a mentalidade do Brasil na época. “Eram roteiros anticomunistas, machistas, contra os gays e travestis”, diz Fernanda, de 32 anos, que obviamente não viveu aquele tempo e editou o material de forma crítica e distanciada a partir de 150 produções que encontrou em formato digital ao longo de cinco anos de pesquisas. “Mas são filmes engraçados.” A intenção foi redescobrir uma filmografia estigmatizada. “Não se trata de uma homenagem. Ninguém gostava deles, exceto o público”, afirma. Boa parte das equipes envolvidas nas produções da Boca do Lixo e do Rio de Janeiro odeia ser identificada com o gênero, entre eles os diretores Antonio Calmon e Silvio de Abreu e as atrizes Vera Fischer e Matilde Mastrangi. O termo pejorativo “pornochanchada” foi lançado por críticos em 1973 — e pegou. “Mas esses filmes precisam ser entendidos como exemplos do cinema erótico e popular brasileiro”, diz Fernanda. As comédias românticas que fazem sucesso no Brasil vivem um preconceito parecido, e muitos as chamam de “globochanchadas”.

 


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