O Estado norueguês interrompeu o projeto de venda do últimos terreno sob controle privado no estratégico arquipélago de Svalbard, no Ártico, para evitar que seja controlado por outros países, como a China.

No meio do caminho entre a Noruega continental e o Polo Norte, Svalbard fica em uma região cujo valor geopolítico e econômico aumenta à medida que as tensões entre Rússia e Ocidente pioram e o gelo marinho recua.

O terreno de Søre Fagerfjord, sudoeste do arquipélago, tem 60 quilômetros de planície e montanhas. Longe de tudo, não tem infraestrutura, mas possui uma geleira e cinco quilômetros de costa. A área está à venda há vários meses por cerca de US$ 320 milhões (R$ 1,79 bilhão).

O Estado norueguês recorreu à lei de segurança nacional para exigir que qualquer venda ou negociação seja submetida à sua aprovação e, inclusive, fez uma oferta para adquirir o terreno.

“Os atuais proprietários de Søre Fagerfjord… estão abertos à venda a compradores que poderiam desafiar a legislação norueguesa em Svalbard”, afirmou a ministra do Comércio, Indústria e Pesca, Cecilie Myrseth, em um comunicado.

“Isto poderia perturbar a estabilidade na região e potencialmente ameaçar os interesses noruegueses”, acrescentou.

O advogado Per Kyllingstad, que representa os vendedores, descreveu o local como “o último terreno privado em Svalbard e, que saibamos, o último terreno privado do mundo no Grande Norte”.

Ele disse que recebeu “sinais de interesse concreto” de potenciais compradores chineses que “demonstram interesse real pelo Ártico e em Svalbard há muito tempo”.

O ministério fez uma oferta na semana passada de 1,8 milhão de dólares (10 milhões de reais), que foi rejeitada pelos proprietários.

Em 2016, o governo pagou 36 milhões de dólares (201 milhões de reais na cotação atual) para comprar, perto de Longyearbyen, o penúltimo terreno privado em Svalbard que, especulava-se, despertava o interesse dos investidores chineses.

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