A noiva sorria radiante enquanto caminhava pelo corredor da igreja na Pensilvânia, de braço dado com um senhor de cabelos brancos – o homem que recebeu o coração de seu pai em uma operação de transplante que salvou sua vida.

Dez anos depois de seu pai ser brutalmente assassinado, Jeni Stepien sabia que ela queria que o coração dele estivesse no casamento. Então ela pediu ao conselheiro acadêmico aposentado Arthur Thomas, o homem que recebeu o coração, para levá-la até o altar.

“Foi o melhor dia da minha vida”, disse a professora de ensino fundamental, de 33 anos, ao canal ABC News, usando vestido marfim sem alças, depois do casamento, celebrado no sábado na mesma igreja onde seus pais se casaram, em Pittsburgh.

Ela conheceu Thomas pessoalmente no dia anterior.

“Cerca de dois meses atrás, eu recebi uma carta de Jeni”, disse Thomas, de 72 anos, à AFP.

“Ela disse: ‘Eu sou a filha da pessoa cujo coração está dentro de você e gostaria de saber se você e sua esposa Nancy poderiam vir ao meu casamento. Eu adoraria que você me levasse até o altar'”, acrescentou.

“Eu fiquei atônito. Eu pensei, ‘Oh meu Deus, é tão perfeito que ela queira o coração do seu pai no casamento'”.

Quando se encontraram no ensaio do casamento, eles se abraçaram.

“Nós demos um ao outro um grande abraço. (..) Meu pulso é muito forte e eu perguntei se ela gostaria de senti-lo. Então ela colocou a mão no meu coração”, disse Thomas.

“Foi um momento muito terno e bonito”, acrescentou.

Depois que ele a acompanhou até o altar, Thomas pôs a mão dela sobre o seu coração, lhe deu um beijo e, em seguida, a entregou ao seu noivo, Paul Maenner.

“Muito obrigado por terem vindo”, disse a noiva a ele com os olhos cheios de lágrimas, de acordo com o vídeo transmitido pela ABC.

Foi o mais perto que ela chegou do seu pai, Michael Stepien, desde que ele foi assaltado e morto a tiros quando voltava para casa do seu trabalho como chef de cozinha. O assassino, um adolescente, está agora na prisão, noticiou a imprensa americana.

Depois que ele morreu, a família Stepien decidiu doar seus órgãos.

Thomas, que estava à beira da morte devido a uma insuficiência cardíaca congestiva, foi o receptor. Ele vive em Lawrenceville, Nova Jersey.

O pai de quatro filhos disse à AFP que dois dias depois da operação, ele estava andando; dez dias mais tarde, estava em casa; e depois de seis meses, foi esquiar.

“Eu enviei a eles uma carta de agradecimento por salvarem a minha vida”, disse à AFP. Ao longo dos anos, ele esteve em contato regular por telefone com os Stepiens.

Thomas manda flores em feriados e troca conselhos parentais com a mãe de Stepien.

Ele agora espera ver a família novamente e trabalhar com eles para aumentar a conscientização sobre a doação de órgãos.

“Fazer tudo isso juntos no fim de semana passado nos aproximou”, disse Thomas, descrevendo os Stepiens como “maravilhosos”.

“Quando uma família dá vida a alguém que eles nem conhecem, em seu momento mais sombrio, (…) é inacreditável”.

A noiva e o noivo partiram para sua lua de mel no exterior na segunda-feira.