O presidente do Equador, Daniel Noboa, apresentou, nesta terça-feira (5), o projeto para uma nova consulta popular com a qual planeja reformar a Constituição para permitir a instalação de bases militares estrangeiras, reduzir o número de deputados e levar a julgamento político juízes constitucionais.
Esta é a segunda consulta que Noboa planeja desde que, em novembro de 2023, assumiu o comando de um país assolado pela violência. Entre janeiro e junho deste ano, o Ministério do Interior registrou 4.621 homicídios.
A nova consulta popular inclui sete perguntas e o governo acredita que acontecerá em dezembro, após receber a aprovação da Corte Constitucional.
“As sete perguntas dão aos cidadãos o poder de escolher, de uma vez por todas, se queremos, como nação, enterrar o passado e abraçar com esperança um futuro de paz e desenvolvimento”, escreveu o presidente no X ao anunciar os temas.
A primeira pergunta proposta pelo mandatário está relacionada com o estabelecimento de bases militares estrangeiras para combater a violência do crime organizado. A reforma foi tramitada e aprovada em junho pela Assembleia Nacional de maioria governista, mas a mudança deve ser ratificada em um referendo.
O presidente também consultará os equatorianos se desejam eliminar a atribuição estatal às organizações políticas e extinguir o conselho encarregado de nomear as autoridades de controle, como o procurador-geral.
Por outro lado, Noboa propõe reduzir o número de congressistas (151 atualmente) e que os juízes constitucionais possam enfrentar julgamentos políticos.
Na véspera, a Corte Constitucional suspendeu temporariamente 17 artigos de três leis enviadas por Noboa, após ações de inconstitucionalidade por parte de organizações sociais. O tribunal também anulou decretos de estado de emergência que suspendem direitos, alegando que não estão corretamente argumentados.
Finalmente, Noboa consultará os equatorianos se estão de acordo com o trabalho por horas no setor turístico e o retorno dos cassinos em hotéis de luxo, o que foi proibido, também por meio de consulta popular, durante o governo do ex-presidente de esquerda Rafael Correa (2007-2017).
Na consulta popular de 2024, Noboa conseguiu a aprovação de nove das 11 perguntas feitas, entre elas a extradição de compatriotas e o aumento das penas para crimes como narcotráfico e terrorismo. Os equatorianos não aprovaram o trabalho por horas nem a arbitragem internacional para solucionar controvérsias comerciais.
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