Nobel de Física premia trio por pesquisas quânticas pioneiras

De acordo com a Real Academia de Ciências, as descobertas do trio abriram caminho para tecnologias modernas

Jonathan Nackstrand / AFP
Foto: Jonathan Nackstrand / AFP

ROMA, 7 OUT (ANSA) – O britânico John Clarke, o francês Michel Devoret e o americano John Martinis foram laureados nesta terça-feira (7) com o Prêmio Nobel de Física pela “descoberta do tunelamento mecânico quântico macroscópico e da quantização de energia em um circuito elétrico”.  Segundo a Real Academia de Ciências da Suécia, os três cientistas, conduziram, entre 1984 e 1985, experimentos pioneiros com um circuito supercondutor, demonstrando que fenômenos quânticos, como o tunelamento e a quantização de energia, que acontecem em escalas subatômicas, podem ocorrer em um sistema suficientemente grande para ser segurado na mão.

O coração da descoberta foi um circuito feito de materiais supercondutores, que conduzem eletricidade sem resistência, separados por uma fina barreira não condutora, conhecida como “Junção de Josephson”. Ao aplicar uma corrente, os pesquisadores observaram que o sistema coletivo de partículas carregadas se comportava como uma única partícula quântica gigante.

Inicialmente, o sistema ficava em um estado no qual a corrente flui sem voltagem, como se estivesse preso atrás de uma barreira. No entanto, graças ao tunelamento quântico – um fenômeno que permite que partículas atravessem barreiras intransponíveis na física clássica -, o circuito “escapava” desse estado, gerando uma tensão detectável.

Além disso, os cientistas comprovaram que a energia do sistema era quantizada, ou seja, absorvida e emitida em pacotes específicos, conforme previsto pela mecânica quântica.

“É maravilhoso celebrar a forma como a mecânica quântica, com um século de existência, continua nos surpreendendo. Também é extremamente útil, já que a mecânica quântica é a base de toda a tecnologia digital”, disse Olle Eriksson, presidente do Comitê do Nobel de Física.

De acordo com a Real Academia de Ciências, as descobertas do trio abriram caminho para tecnologias modernas, como computação quântica, criptografia quântica e sensores quânticos.

Clarke, Devoret e Martinis, todos eles professores da Universidade da Califórnia, dividirão igualmente um prêmio de 11 milhões de coroas suecas, o equivalente hoje a R$ 6,2 milhões.

Na última segunda-feira (6), os americanos Mary Brunkow e Fred Ramsdell e o japonês Shimon Sakaguchi já haviam conquistado o Nobel de Medicina. Faltam ainda os anúncios dos prêmios de Química, na quarta (8), de Literatura, na quinta (9), da Paz, na sexta (10), e de Economia, na próxima segunda (13). (ANSA).