O caçador de exoplanetas Michel Mayor, que recebeu o Prêmio Nobel de Física ontem, alertou nesta quarta-feira que não se deve esperar que um dia a humanidade possa emigrar para um exoplaneta.

O pesquisador suíço respondeu às perguntas da AFP à margem de uma conferência perto de Madri.

Pergunta: Qual pesquisa foi recompensada com este Nobel?

Resposta: “Há 24 anos, juntamente com um dos meus colegas (Didier Queloz, também premiado), descobrimos o primeiro planeta que girava em torno de uma estrela diferente (ao Sol). Era uma pergunta antiga debatida pelos filósofos: existem outros mundos no Universo? Desde então, cerca de 4.000 (exoplanetas) ou mais foram descobertos. Buscamos os planetas mais próximos (de nós), que possam se parecer com a Terra. Juntamente com meu colega, começamos essa busca e mostramos que era possível estudá-los.”

P: Existe vida em outra parte do Universo?

R: “Na Via Láctea, temos certeza de que existem muitos planetas rochosos com uma massa semelhante à da Terra a uma distância tal (da estrela) que a temperatura seria adequada para o desenvolvimento da química da vida, mas não sabemos mais nada. Ninguém pode oferecer uma probabilidade de vida em outro lugar. Alguns cientistas dizem que, se todas as condições forem cumpridas, a vida emergirá por conta própria, em uma espécie de emergência natural das leis do Universo. Mas outros dizem: ‘Não, não é verdade, é muito mais complicado’. Não sabemos nada. A única maneira de conhecer é desenvolver técnicas que nos permitam detectar a vida à distância. A próxima geração terá que responder a essa pergunta!”

P: A humanidade pode emigrar para outro planeta?

R: “Se falarmos sobre planetas extrassolares, deixemos as coisas claras: não emigraremos para eles. Esses planetas estão muito, muito distantes. Mesmo no caso muito otimista de um planeta habitável não muito distante, digamos algumas dezenas de anos-luz, como se fosse “nos arredores”, o tempo para chegar lá é considerável. Seriam centenas de milhões de dias com os meios atuais. Vamos prestar atenção ao nosso planeta. É muito bonito e ainda bastante habitável. (…) Todas as declarações do tipo ‘Um dia iremos a um planeta habitável se a vida não for possível na Terra’ devem ser descartadas. É algo completamente louco”.

Informações coletadas por Thomas Perroteau.