A ativista iraniana Narges Mohammadi, premiada este ano com o Nobel da Paz e que está presa no Irã desde 2021, enfrenta nesta semana um novo processo e, se for condenada, pode ser transferida para uma penitenciária fora de Teerã, informou nesta segunda-feira sua família.

A mulher, de 51 anos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em outubro “por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e seu combate para promover os direitos humanos e a liberdade para todos”.

O novo julgamento começará na terça-feira em um tribunal de Teerã e é o primeiro processo contra Mohammadi desde que sua família aceitou em seu nome o Prêmio Nobel em Oslo, em 10 de dezembro.

No comunicado, o entorno de Mohammadi indicou que as autoridades iranianas anunciaram que “devido a questões políticas e de segurança, a execução da sentença será fora de Teerã”, a pedido do Ministério da Informação.

Os detalhes da acusação contra a ativista não foram divulgados, mas seus familiares afirmaram no X que acreditam que têm relação com atividades de Mohammadi na prisão de Evin, em Teerã. Do centro penitenciário, Mohammadi continuou sua campanha contra as autoridades iranianas, criticando a imposição do uso do véu islâmico às mulheres.

Este é o terceiro processo contra Mohammadi e nos dois primeiros julgamentos foi condenada a 27 meses de prisão, com a imposição de passar quatro meses limpando as ruas e a realizar trabalhos comunitários.

Mohammadi foi detida e liberada várias vezes nas duas últimas décadas e não vê seu marido e filhos hás dois anos.

Desde “29 de novembro” já não tem permissão para falar com eles por telefone, mas conseguiu se comunicar com familiares que estão no Irã para transmitir mensagens que têm sido divulgadas em todo o mundo nas redes sociais.

Em seu discurso na premiação do Nobel, que foi lido por seus filhos, Mohammadi denunciou o “regime religioso tirânico e misógino” do Irã.

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