Por Nora Buli e Gwladys Fouche

OSLO (Reuters) – O Prêmio Nobel da Paz será anunciado só três semanas antes de líderes mundiais se reunirem para uma cúpula do clima que cientistas dizem poder determinar o futuro do planeta, uma razão para observadores da premiação dizerem que este pode ser o ano de Greta Thunberg.

A honraria política mais prestigiosa do mundo será revelada no dia 8 de outubro. Embora a pessoa contemplada muitas vezes seja uma surpresa total, aqueles que a acompanham atentamente dizem que a melhor maneira de adivinhá-la é observar os temas globais mais suscetíveis de estarem nas mentes dos cinco membros do comitê que a decide.

Como a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) deve começar no início de novembro na Escócia, a questão pode ser o aquecimento global. Cientistas pintam a cúpula como a última chance de estabelecer metas obrigatórios de redução de emissões de gases de efeito estufa para a próxima década, vital se o mundo quiser ter esperança de manter a mudança de temperatura abaixo da meta de 1,5 grau Celsius para evitar uma catástrofe.

Isto pode apontar para Thunberg, ativista climática sueca que aos 18 anos seria a segunda premiada mais jovem da história em alguns meses, vindo depois da paquistanesa Malala Yousafzai.

“O comitê muitas vezes quer mandar um recado. E este será um recado forte para enviar à COP26, que estará acontecendo entre o anúncio do prêmio e a cerimônia”, disse Dan Smith, diretor do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo, à Reuters.

Outra grande questão que o comitê pode querer abordar é a democracia e a liberdade de expressão. Isto poderia significar um prêmio para um grupo pró-liberdade de imprensa, como o Comitê para Proteger Jornalistas ou Repórteres Sem Fronteiras, ou para um dissidente político proeminente, como a líder da oposição bielorrussa exilada Sviatlana Tsikhanouskaya ou o ativista russo preso Alexei Navalny.

Uma vitória de um grupo jornalístico ecoaria “o amplo debate sobre a importância da reportagem independente e do combate às fake news para a governança democrática”, opinou Henrik Urdal, diretor do Instituto de Pesquisas da Paz de Oslo.

Um Nobel para Navalny ou Tsikhanouskaya seria um lembrete da Guerra Fria, quando os prêmios de Paz e Literatura foram concedidos a dissidentes soviéticos destacados como Andrei Sakharov e Alexander Solzhenitsyn.

Parlamentares noruegueses sondados pela Reuters incluíram Thunberg, Navalny, Tsikhanouskaya e a Organização Mundial da Saúde (OMS) em suas listas.

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