Enquanto o futebol masculino do Flamengo virou exemplo com as conquistas da Copa Libertadores e do Brasileirão no ano passado, o vôlei feminino do clube vive situação oposta e corre risco de rebaixamento na Superliga Feminina. Na terça-feira, a equipe perdeu para o Sesi Bauru, jogando fora de casa, por 3 sets a 2. Foi a 15ª derrota da equipe em 17 rodadas do torneio. Com isso, o time é o penúltimo colocado. Pelo regulamento, as duas últimas equipes vão para a Superliga B. O voleibol masculino do clube já disputa a divisão de acesso.

O técnico Alexandre Ferrante afirma que as dificuldades já eram esperadas em função da reformulação da equipe feminina. O Flamengo contratou 11 atletas. “A campanha está dentro das expectativas de dificuldade que esperávamos. Passamos por todo o processo de Superliga C e B, reformulando praticamente a equipe inteira para a Liga A”, disse ao Estado.

A equipe possui jovens e experientes. Aos 18 anos, a levantadora Vicky Mayer já integra a seleção principal da Argentina, pela qual conquistou o bronze no Pan de Lima 2019. Ela foi eleita a melhor levantadora da competição. Fernanda Ísis já foi bicampeã da Superliga com o Rexona (2007/2008, 2008/2009). Aos 35 anos, a central é a mais experiente do time. “Estamos fazendo bons jogos no returno, mas estamos pecando na hora da definição”, diz Fernanda.

O treinador defende um trabalho de longo prazo. “Esse é um processo de crescimento dentro de um projeto a médio e longo prazo e que foi iniciado apenas há pouco mais de um ano. A Superliga, por ser uma das melhores ligas do mundo, é uma competição muito forte. Ela necessita um planejamento que contemple a possibilidade de bons resultados dentro de um prazo maior”, argumenta.

No início do segundo turno, a aposta da comissão técnica é buscar triunfos diante dos grandes times do torneio. “Precisamos compensar os pontos perdidos em resultados passados que nos frustraram. Podemos ganhar esses pontos em qualquer jogo, inclusive contra os grandes, a exemplo do que aconteceu contra Osasco e Sesc”, pontua Ferrante.

O vôlei feminino é um dos esportes olímpicos mais tradicionais na história do clube. Na década de 1950, o Flamengo foi o primeiro time brasileiro da modalidade a viajar para o exterior, tendo participado de campeonatos no Peru nos anos de 1953 e de 1956, vencendo todas as partidas que disputou por lá. O rubro-negro já conquistou três títulos brasileiros (1978, 1980 e 2000/2001) e um Sul-Americano (1981).

Nomes como Isabel e Jaqueline tiveram passagens importantes pelo clube, a ponto da emprestarem seus nomes para o vestiário do vôlei feminino. Na última conquista, já sob o formato atual da Superliga, o time carioca contava com nomes como Virna e Leila, ambas da seleção brasileira. Também foi responsável por revelar duas campeãs olímpicas: Fabi (bicampeã, 2008 e 2012) e Valeskinha (2008).

O Flamengo disputou a Superliga A até a temporada 2005/2006. A desativação do time de vôlei, em 2013, integrou o programa de encerramento dos esportes olímpicos tradicionais, como o judô e a ginástica artística. A justificativa foi a redução de custos.

No masculino, a tradição é apenas estadual. Na década de 1980, uma equipe masculina formada, entre outros, por Bernard e Bernardinho, foi tetracampeã estadual de 1987 a 1990. Na década de 1990, liderado pelo campeão olímpico Tande, o Flamengo conquistou o penta estadual entre 1992 e 1996.