João Carlos Toscani, de 43 anos, também é de família de artistas e cumpre pena no presídio Adriano Marrey há dois anos por tráfico de drogas. Ele sonha em seguir os passos do pai, que trabalhou com teatro, quando sair.

Como você encara o teatro na prisão?

Eu praticamente “saio” da cadeia. Parece que a mente desliga. Por mim, ficaria aqui das 8h às 16h sem problemas, pois, você esquece que está na cadeia. Meu pai trabalhava na área, mas sempre acompanhei da plateia. Eu achava legal, via muito as peças dele e os seus trabalhos na televisão. Mas aquilo não era para mim. Gostava mais de praticar esportes e acabei não fazendo nada. Vim me interessar por esse mundo dentro da cadeia.

E por que você foi preso?

Drogas. Comecei a usar por curiosidade. Ninguém vai provar porque o outro fala. Daí você começa a ver na mão do traficante muito dinheiro, vai atrás de tudo isso e vê que é ilusão.

Aí, arrisquei entrar para o crime e infelizmente, ou felizmente, estou aqui. Talvez estivesse numa cama de hospital ou morto caso eu não viesse para cá. Nesse mundo, você tem três opções: cadeia, hospital ou morte. Das três, a menos dolorida é ficar atrás das grades.

Você pretende dar sequência ao teatro quando sair daqui?

Com certeza. Tinha tudo para seguir esse caminho lá fora, mas vim parar na cadeia e acabei descobrindo como é que funcionavam as artes cênicas. As oficinas contam com 24 homens que não tinham nada a ver com o teatro. Hoje, posso dizer que quero seguir carreira artística, porque exercito muito a mente nos palcos. Eu “viajo” nisso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.