O acesso à entrada ao Vale do Anhangabaú travou assim que o grupo BaianaSystem surgiu no palco, pouco depois das 20h30 do sábado, 27, de Virada Cultural em São Paulo. As filas que levavam à revista pararam e o clima ficou tenso. As pessoas ouviam o grupo tocando seus hits e queria entrar logo. Alguns cantavam, outros dançavam.

Os shows do Centro na Virada 2023 ficaram concentrados no Anhangabaú. As atrações mais concorridas da noite de sábado foram BaianaSystem e Gloria Groove.

Até o fim destes shows, o saldo do evento havia sido o seguinte:

– A entrada mostrou um sistema de segurança inédito, com postos policiais elevados e revista com sensores;

– Gloria Groove fez um show agitado, mas o som pifou e interrompeu a apresentação duas vezes;

– O BaianaSystem exaltou a guitarra baiana e transformou o show em celebração;

– Estas duas apresentações principais foram animadas, mas sem grandes confusões;

– Após o fim do BaianaSystem, a maior parte do público deixou o Anhangabaú em massa.

Russo Passapusso, líder do BaianaSystem, pediu que abrissem uma roda de samba. Depois, voltou a falar da guitarra baiana (o projeto do grupo é torná-la planetária) e fez um estrondo com um tema instrumental. Saci, um dos sons fortes do grupo, foi outro instante de muito movimento na plateia.

O Baiana é um fenômeno não pop, mas capaz de arrastar uma multidão. E ela estava lá, cantando com o vocalista Russo Passapusso.

Havia muita festa na plateia, muita curtição. As catarses comuns nos shows do grupo foram menos radicais, mas o envolvimento da plateia era intenso. Descomprimindo, o som mais conhecido, se tornou uma celebração.

Logo depois do show do BaianaSystem, a maior parte do público começou a deixar em massa o Anhangabaú.

Nos outros palcos pela cidade, o sábado teve Carlinhos Brown, Raça Negra, Nação Zumbi, Livinho e mais.

Gloria interrompida

Gloria Groove abriu a Virada no Anhangabaú com problemas no som, mas conseguir fazer um show animado.

“Quem tirou a Virada Cultural da tomada? Virada, me ajuda, deixa eu voltar!”, disse a cantora assim que percebeu que ninguém mais ouvia som nenhum.

A pane aconteceu na terceira música, depois de ela cantar Leilão. A interrupção levou poucos minutos.

Depois, o som foi reestabelecido, mas parou de novo. Os problemas técnicos prejudicaram a fluência de um show, que havia começado em alta temperatura.

Ultravigiada por um drone da Polícia Militar, alguns homens da Tropa de Choque que se destacavam pela pista e outros soldados da PM colocados em cabines, Glória Groove, mesmo com os problemas iniciais de som, fez um show em paz.

Ao final, o apresentador Manoel Soares revelou que estava falando com o comandante geral da PM e que ele dizia que, até aquele momento, “não havia registro nem de briga de namorados”. Ainda assim, Manoel lembrou que as pessoas deveriam tomar cuidado com os celulares.

Gloria conseguiu reunir um público intenso e participativo para ver seus quase 1h30 de show, o mesmo que ela faz em festivais privados e pagos, como o Lollapalooza. Ali estava tudo, seus hits, seus telões, seus dançarinos e dançarinas.

Começo reforçado

Existiu realmente um esquema novo de segurança para a Virada Cultural deste ano. As pessoas que chegaram ao Vale do Anhangabaú na tarde de sábado caminhavam em zigue-zague por corredores separados por grandes.

Aos chegarem na entrada, precisavam abrir bolsas, mostrar o que levam nos bolsos e passam por sensores. Nunca houve um esquema tão bem montado.

Na pista do Vale do Anhangabaú, a novidade foram cinco cabines policiais elevadas em pontos estratégicos. A medida permite que o policiamento perceba o que acontece do alto. Como a estratégia dos bandidos é agir criando tumultos seguidos de arrastões, a visão do alto pode inibir as ações criminosas.

Uma terceira medida, também inédita na Arena Anhangabaú, foi a criação de um corredor de segurança central. Ele permitiu a ação rápida e a infiltração da polícia entre a plateia, o que não houve em 2022.