VITÓRIA Como dirigente da Mercedes, ajudou a trazer Lewis Hamilton para a equipe em 2012. O piloto inglês ganhou quatro títulos mundiais desde então (Crédito:HOCH ZWEI)

Nos tempos em que os carros da Fórmula 1 eram somente automóveis velozes e não as máquinas voadores de tecnologia avançada, como nos dias atuais, um grande piloto contava apenas com a sua habilidade, o perfeito domínio da técnica e, claro, destemor de sobra diante da eventualidade da morte nas pistas em busca de um pódio — tratava-se da década de 1970, quando ocorreram nove acidentes fatais em apenas cinco anos. Os equipamentos de segurança ainda se mostravam rudimentares e o piloto sequer podia manter as duas mãos no volante, já que uma delas era constantemente destinada à mudança das marchas.
Foi nessa época tão romântica quanto letal que brilhou o genial e então imbatível austríaco Niki Lauda, três vezes campeão mundial — a mesma marca dos brasileiros Ayrton Senna e Nelson Piquet. Não tivesse o destino o levado tão cedo, talvez Senna alcançasse mais títulos, porém já numa época posterior, com bólidos mais sofisticados e dóceis ao comando. Como Senna, no entanto, Lauda foi um obstinado pela vitória. Não corria, voava. O risco de morrer não contava. Falando sobre as “máquinas” de agora, Lauda disse certa vez: “Qualquer macaco poderia pilotar um carro moderno de F-1”. Tinha então 52 anos e assumira o veículo de testes da Jaguar, equipe que chefiava.

Como todos os humanos

No automobilismo, fala-se que Lauda morreu e ressuscitou em 1976, na Alemanha, quando sua Ferrari bateu e incendiou, queimando quase todo o seu corpo. A vontade de correr venceu a dor e, 42 dias depois do acidente, lá estava ele nas pistas. Perdeu o campeonato por pouco, mas venceu o do ano seguinte. Só foi abandonar de vez a Fórmula 1 em 1985. A sua segunda morte, como é a definitiva linha de chegada para todos, veio na Suíça, na semana passada, aos 70 anos, em decorrência de complicações renais. Nenhum outro piloto foi dotado de técnica tão apurada quanto ele.


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