O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o placar de votações da reforma da Previdência reflete a fase atual das discussões da proposta, mas afirmou ter segurança de que o governo terá a maioria para aprovar o texto até o dia da votação. Segundo ele, não há outra alternativa diante da insolvência do sistema.

Meirelles admite que o governo está disposto a negociar pontos polêmicos, como a regra de transição, desde que o projeto continue preservando os “ganhos fiscais”, ou seja, que haja realmente uma economia para as contas públicas com as modificações das regras.

Qual a estratégia do governo para reverter os votos contrários dos deputados na reforma da Previdência?

Esse resultado é normal e esperado. Reflete a posição dos parlamentares nesta fase das discussões. Só que isso vai avançar. Estamos esclarecendo. Estamos mostrando a necessidade da reforma. Estamos mostrando que, ao contrário do que muitos dizem, o déficit da Previdência é insustentável e que o mais importante é garantir a solvência a longo prazo da Previdência. Ter a garantia de que vai receber a aposentadoria. E há também o fato de que as camadas mais pobres da população já se aposentam hoje por idade, já que não conseguem completar os 35 anos de contribuição que são exigidos no mercado formal. Então, tudo isso faz com que, de fato, seja um processo que está avançando e avançaremos no momento da votação, quando, acredito, teremos condições de ter a maioria.

O governo vai ceder e modificar os pontos que os parlamentares não concordam, como, por exemplo, a regra de transição?

Estamos estudando aqui tudo o que seja razoável e que preserve os ganhos fiscais da reforma da Previdência. Isso que é importante.

Mas o governo aceitaria criar uma regra de transição para homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 anos, um dos pontos criticados pelos deputados?

Desde que se preserve os ganhos fiscais com a reforma da Previdência.

O atraso no cronograma da votação pode trazer problemas ao governo?

Não. É um processo contínuo. O relatório deve ser apresentado no prazo, segundo nossas previsões. Mas depende do relator.

Qual a consequência para a economia se o governo tiver um revés neste tema?

Acredito que a reforma será aprovada. Não haverá revés. Minha hipótese de trabalho é que não. Minha expectativa é que aprove no primeiro semestre, mas o atraso não altera o quadro substancialmente. O importante é que seja aprovada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.