João Doria governa o maior e mais importante estado do País, e com excelentes resultados, diga-se de passagem. Em 2020, foi o único ente da Federação que apresentou crescimento econômico frente a uma queda de 4% do PIB nacional.

São Paulo é responsável por 32% do Produto Interno Bruto brasileiro. É a terceira maior economia da América Latina. Se fosse um país, seria a 21ª nação do mundo. Sozinho, o estado arrecada 42% dos impostos federais, algo como R$ 415 bilhões.

Diante de números assim, eu pergunto: qual presidente da República poderia ser estúpido o bastante para, em vez de se associar a São Paulo, ser seu detrator? O que ganharia o chefe de Estado ao guerrear politicamente com o governador desse estado?

Bem, as respostas são óbvias. O “presidente estúpido” é o mesmo que prefere cloroquina à vacina; curandeirismo à ciência. Falo do pai do senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais, Jair Messias Bolsonaro, o amigão do Queiroz.

Já o que o energúmeno ganha, eu não sei. Se alguém me mandasse R$ 415 bilhões e eu lhe devolvesse apenas R$ 55 bilhões, não só lhe seria extremamente grato, como seria o maior dos seus amigos. Ou melhor, o maior dos seus puxa-sacos, hehe.

Mas Bolsonaro e seu desgoverno aloprado operam em uma lógica muito especial. Tomemos como exemplo o mesmo tipo de relação bélica que essa gente mantém com a China, nosso maior parceiro comercial. Ou com a Argentina, o quarto maior.

Diante da pandemia do novo coronavírus, a agressividade do marido da receptora de cheques de milicianos em relação ao “calça apertada” atingiu o grau máximo. Em lados opostos desde o início, Doria e Bolsonaro tornaram-se obcecados marqueteiros. Ainda que péssimos.

De um lado, o marketing da vida. O governador paulista buscou a ciência e a medicina, e nos trouxe, contra toda má vontade e força contrária do governo federal, a vacina que hoje salva a vida dos brasileiros por todo o País; a CoronaVac, do Butantan.

De cada 10 doses aplicadas no Brasil, 8 são de CoronaVac. E Doria anunciou, também, mais duas armas poderosíssimas e promissoras contra a Covid-19: um soro e uma nova vacina, a ButanVac. Ele gosta de se exibir? Muito. E abusa, até. Mas tem resultados para tanto.

Do lado oposto, o marketing da morte. Bolsonaro investiu no desdém à doença, para depois investir em tratamentos fictícios e no caos. Associou-se ao vírus e tornou-se cúmplice das 300 mil vítimas fatais, numa razão atual de quase 4 mil mortes a cada 24 horas.

Reconhecido mundialmente como o pior governante do mundo, o sociopata transformou o Brasil num cemitério continental, e consequentemente arruinou a economia do País, trazendo de volta uma inflação galopante de alimentos e combustíveis.

Como dito, ambos são marqueteiros. Não dão um passo, uma declaração pública que não seja de cunho político-eleitoral. A diferença é que um tem o que mostrar, e o outro apenas mente e ofende, justamente para… não mostrar! Leia-se, esconder.

Políticos vivem da imagem que constroem e das realizações de seus mandatos. Nada mais natural que politizar ao máximo aquilo que importa à população. Doria politizou a pandemia para o bem e salvou vidas. Bolsonaro, para o mal, e ajudou a tirar.

Goste-se ou não do jeito do governador de São Paulo – e eu, particularmente, não gosto – devemos muito a ele. Goste-se ou não do jeito do presidente da República – e eu, particularmente, não gosto – não devemos nada a ele senão ações penais pela conduta homicida.

O “calça apertada” doa seu salário. O “mito” se apropria de rachadinhas. O marqueteiro de São Paulo faz propaganda de vacina. O de Brasília, de cloroquina. Eu não sei quanto a você, leitor amigo, mas se for para aguentar político fanfarrão e ruim de marketing, fico com o “engomadinho” mesmo.