O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) decidiu, por 8 votos a 1, manter sua política monetária, em linha com expectativa do mercado. A taxa de depósito foi mantida em -0,1% ao ano, e a meta de juros para os títulos públicos (JGBs) de 10 anos continuará em torno de 0%, sem um limite superior de compra de ativos para chegar a este objetivo.

A autoridade monetária manteve ainda sua avaliação econômica do país e reforçou que segue atenta aos impactos do novo coronavírus. O BoJ reduziu a previsão de crescimento do Japão, de 3,8% para 3,4% no ano fiscal de 2021, em meio às preocupações com gargalos na cadeia global de suprimentos Já as expectativas para 2022 cresceram de 2,7% para 2,9%.

“O banco continuará a expandir a base monetária até que a taxa anual de aumento dos preços ao consumidor (descontada a cesta de alimentos frescos) exceda 2% e permaneça acima da meta de forma estável”, afirma o comunicado. Segundo mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. o mercado previa que o banco mantivesse as taxas atuais, visando a atual estabilidade monetária às vésperas das eleições para primeiro-ministro e em cenário de baixa inflação.

O comunicado, divulgado nesta quinta-feira, também reforça que o BoJ “não hesitará” em tomar medidas de estímulo monetário necessárias, bem como espera que as taxas de juros de curto e longo prazo permaneçam nos mesmos níveis ou abaixo.

O dirigente Goushi Kataoka manteve seu voto em contrário e foi o único dissidente a considerar necessário ampliar a coordenação entre política fiscal e monetária a fim de atingir a meta inflacionária.

Inflação

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O presidente do BoJ,, Haruhiko Kuroda, disse nesta quinta-feira ser improvável que o país asiático vivencie uma rápida aceleração da inflação, como tem sido visto em outras partes do mundo em meio a problemas de oferta. Segundo ele, os movimentos dos preços no Japão são contidos, uma vez que a recuperação da demanda tem sido lenta.

Kuroda, que falou durante coletiva de imprensa que se seguiu à decisão do BoJ de deixar sua política monetária inalterada, argumentou também que as empresas japonesas mantiveram os níveis de emprego durante a pandemia de covid-19, de forma que conseguiram retomar a produção rapidamente, contribuindo para a estabilidade dos preços.

O chefe do BoJ disse ainda que os empresários no Japão tendem a cortar suas margens de lucro para manter os preços dos produtos, seguindo uma mentalidade que foi construída ao longo de décadas de deflação. “Eles podem não conseguir repassar integralmente (a alta dos custos) para os preços ao consumidor, devido à cultura corporativa do Japão”, afirmou.

Na coletiva, Kuroda disse também não esperar que o aguardado “tapering” nos EUA afete as taxas de câmbio e de juros diretamente e comentou que a recente fraqueza do iene ante o dólar teve efeitos positivos, ao favorecer as exportações japonesas. Fonte: Dow Jones Newswires.


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