21/06/2024 - 8:00
Dentre tantos males que nos assolam politicamente, a polarização odienta, algo muito diferente da saudável anteposição de ideias, talvez seja, hoje, o maior risco à paz social e a qualquer chance de progresso civilizatório em curto prazo no País.
Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e principalmente o Congresso Nacional tornaram-se campos de batalhas sangrentas, sem propósito ou ganho objetivo para a população, e não mais palco para discussões de projetos ou o importante papel fiscalizador do Poder Executivo.
A mais recente baixaria no convívio profissional, porque baixarias no submundo da corrupção jamais desapareceram, se deu pela briga juvenil entre Nikolas Ferreira e André Janones, dois arruaceiros digitais travestidos de parlamentares.
À partir da esdrúxula decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, nome que me soa como piada pronta, de arquivar o processo de cassação por suspeita de “rachadinha” de André Janones, uma horda liderada pelo defensor do clã das rachadinhas, vulgo Família Bolsonaro, o deputado Nikolas Ferreira, que nada tinha a ver com o assunto, partiu para cima do “inocentado” por Guilherme Boulos, o relator do processo que não enxergou problema algum em pedir a assessores que destinem parte dos salários para pagamento de campanha.
Ato contínuo, empurra-empurra, palavrões dos mais baixos e ameaças de agressão foram trocados pelos dois valentões de internet que, pessoalmente, contaram com a “turma do deixa disso” para separá-los. Aliás, intuo que, sem os moderadores, não encostariam um mísero dedo um no outro.
O custo do Congresso Nacional é dos mais altos do mundo. E falo do custo oficial, não do custo oculto. Pagamos deputados como Nikolas e Janones para produzirem algo de útil à sociedade, mas recebemos espetáculos do baixo meretrício. Estes dois, especialmente, são craques na matéria.
Não costumo ser saudosista nem acho que tudo “antigamente era melhor”. Mas penso que jamais tivemos uma Câmara dos Deputados tão pouco qualificada, em que pese alguns jovens valores recém-chegados. Gente como Nikolas, Zambelli, Janones e outros da espécie raramente foram ou serão superados.
Por falar em Zambelli, a deputada me processou por tê-la chamado de “pistoleira”. De forma vil, distorceu meu comentário, contextualizado pelo evento em que correu atrás de um rapaz negro, com pistola em riste pelas ruas de São Paulo, e me acusou de tê-la chamado de prostituta (segundo ela, sinônimo de pistoleira).
Como “ainda há juízes em Berlim”, que ou sabem interpretar textos ou não se deixam levar por tiquetoquers, a ação foi julgada improcedente. Zambelli e seus comparsas de baixarias no Congresso são assim: adoram bater, mas detestam apanhar, metaforicamente falando, é claro. Perdeu, pistoleira.