O dólar perdeu força ante outras moedas fortes nesta quarta-feira, 22, diante de incertezas na política americana, que pressionam a divisa desde o fim da tarde de ontem, e da divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Perto do horário de fechamento em Nova York, o euro avançava para US$ 1,1604 e a libra subia para US$ 1,2915, ao passo que o dólar subia a 110,57 ienes.

A pressão sobre a divisa dos EUA começou ainda ontem, com a informação de que o ex-advogado pessoal do presidente Donald Trump, Michael Cohen, confessou sob juramento ter efetuado pagamentos a duas mulheres sob a orientação do líder americano. Quando a defesa de Cohen admitiu, no fim da manhã, que não há provas físicas do envolvimento de Trump, no entanto, o dólar ganhou fôlego e apagou parte das perdas, com o índice DXY voltando a operar na marca dos 95 pontos e fechando em queda de 0,11%, aos 95,146%. Na mínima do dia, o indicador chegou a 94,934 pontos.

Ao mesmo tempo, somam-se às instabilidades na política americana a condenação do ex-diretor de campanha de Trump, Paul Manafort, por oito acusações de fraude fiscal e bancária, entre as 18 que enfrentava. O presidente americano classificou a situação como “caça às bruxas”. Em meio ao cenário, a líder do Partido Democrata na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi (Califórnia), disse que o impeachment de Trump “não é uma prioridade” para os democratas, e que uma ação de impedimento a Trump “tem de brotar de outra coisa”, referindo-se aos casos recentes.

O avanço do dólar após a fala da defesa de Cohen foi apagado, porém, com a divulgação da ata da reunião realizada nos dias 31 de julho e 1º de agosto pelo banco central americano, que levou a divisa a perder fôlego novamente. De acordo com o documento, os dirigentes avaliam que outra alta de juros em breve é “provavelmente apropriada”, mas apontou algumas ameaças para a economia, como tensões comerciais, instabilidade em mercados emergentes e riscos ao mercado imobiliário.

Para o chefe de estratégia de taxas dos EUA do banco de investimentos BMO Capital Markets, Ian Lyngen, o Fed apresentou um leve viés “dovish” ao mostrar que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) está pensando em quando parar de caracterizar as taxas de juros como “acomodatícias”, o que sugere que o nível neutro pode ser uma realidade em breve.

Em meio ao cenário, ainda seguem no radar as negociações entre Washington e Pequim, que devem ocorrer até quinta-feira. A expectativa de um acordo entre os países traz certo otimismo ao comércio global.

Entre os emergentes, o destaque foi para o peso mexicano, que avançou ante o dólar na expectativa de que um acordo comercial entre o México e os EUA, parceiros no Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), pudesse ser anunciado hoje. O ministro da economia mexicano, Ildefonso Guajardo, chegou a afirmar que pretende encontrar uma “solução nas próximas duas horas ou nos próximos dias”, logo antes de uma reunião com representantes americanos. No fim da tarde de Nova York, o dólar caía a 18,768 pesos mexicanos.