O Dia do Artista, celebrado em 24 de agosto, é um convite para pensar no que realmente significa viver de arte no Brasil: adaptar-se a mudanças, sustentar disciplina quando ninguém está olhando e atravessar diferentes linguagens sem perder autenticidade. Isabella Santoni é um exemplo vivo disso. Recentemente, encerrou sua participação em “Dom”, série brasileira de maior alcance internacional no Prime Video, e logo depois voltou aos palcos com “O Cravo e a Rosa”, mostrando que não teme trocar o ambiente controlado das câmeras pela energia imprevisível do teatro.
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Essa disposição para se lançar em desafios vem de longe. Aos quatorze anos, Santoni participou de um curso de verão na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), experiência que consolidou de vez sua decisão de seguir a carreira de atriz.
Ela relembra: “Na CAL, ainda adolescente, eu percebi que aquilo era realmente o que eu queria para a minha vida. Depois, no Nu Espaço, essa escolha ganhou outra dimensão e face, porque não foi só uma formação técnica. Ali amadureci como pessoa, aprendi a ter responsabilidade, disciplina… As aulas eram muito variadas: corpo, voz, música, mas também filosofia, roteiro… um pouco de cada coisa. Esse conjunto todo me fez crescer de forma integral, e não só como atriz”.
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Pouco tempo depois, assumiu o papel que a lançaria ao reconhecimento nacional: a lutadora Karina, em “Malhação — Sonhos”. A personagem não apenas marcou uma geração, como permanece viva no imaginário coletivo, algo que a atriz reconhece: “Sempre vejo nas redes sociais um monte de gente relembrando cenas, comentando como aquela temporada foi especial”.
“Dez anos depois, ainda recebo mensagens de fãs que cresceram assistindo, que dizem que se inspiraram de alguma maneira na Karina… é bonito constatar que um trabalho seguiu marcante, tocando as pessoas, que ele atravessou o tempo”, completa.
Determinada a não se prender a um único tipo de papel, Isabella foi construindo uma trajetória diversa, passando por novelas como “A Lei do Amor” e “Orgulho e Paixão”, ambas da TV Globo, além de filmes como “Missão Cupido”: “Eu gosto de personagens que me fazem investigar, que me obrigam a entender suas contradições. É como na vida: não existe maniqueísmo, e é nesse meio do caminho que as histórias ficam mais interessantes”.
Em “Dom”, interpretou Viviane — um papel que exigiu entrega total. A série alcançou mais de 140 países e liderou a audiência global do Prime Video entre produções não faladas em inglês. Santoni conta: “É até surreal pensar que uma trama brasileira tenha feito tanto sucesso do outro lado do mundo, como na Índia, por exemplo. Mas aconteceu. E isso só mostra como a arte consegue atravessar barreiras, unir pessoas de culturas completamente distintas em torno de uma mesma história”.
Para Isabella, o artista de hoje precisa unir curiosidade, preparo e constância, e acrescenta: “Carisma e talento contam, claro, mas o que sustenta é estar pronto todos os dias. É estudar quando não há nada à vista, é se cuidar, é buscar referências novas. Porque a oportunidade não avisa quando vem. E quando chega, ou você já está pronto, ou ela passa”.