No dia da Reunificação alemã, políticos alertam contra novas divisões

No dia da Reunificação alemã, políticos alertam contra novas divisões

"OEm meio a guerra na Ucrânia e crise da alta dos preços, principais líderes do país pedem solidariedade em cerimônia no Dia da Unidade Alemã. "Temos que cuidar uns dos outros", diz presidente do Bundestag.A Alemanha celebrou nesta segunda-feira (03/10) o aniversário de 32 anos de sua Reunificação. Neste ano, porém, o tom das festividades foi mais moderado do que em celebrações anteriores, com os efeitos da guerra na Ucrânia e a crise da alta dos preços abalando cada vez mais o país.

O feriado nacional, conhecido como o Dia da Unidade Alemã, marca a data em que a República Democrática Alemã (RDA) oficialmente aderiu à República Federal da Alemanha (RFA) – e o país, até então dividido, voltou a ser um só, em 1990.

Uma cerimônia oficial foi realizada em Erfurt, capital do estado da Turíngia, no leste do país, com a presença do chanceler federal Olaf Scholz, que se recuperou recentemente da covid-19.

Em um breve discurso, o líder alemão afirmou que o aniversário da Reunificação é "um sinal bom e importante no momento certo", e evocou uma conhecida frase do ex-chanceler da Alemanha Ocidental Willy Brandt (1969-1974), também do Partido Social-Democrata (SPD), que diz que "cresce junto o que foi criado para estar junto".

Scholz também tentou amenizar as preocupações com uma crise de energia iminente, prometendo que o governo continuará agindo para proteger os consumidores o máximo possível.

Segundo ele, na Europa existe hoje uma unidade de Estados constitucionais democráticos que se baseiam numa economia social de mercado, e "isso nos deixará mais fortes, também no futuro".

Assim como o chanceler, a presidente do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), Bärbel Bas, também aproveitou a ocasião para pedir solidariedade em tempos difíceis.

"Desde 1990, nós, alemães, superamos muitas crises e convulsões", disse a social-democrata. "A razão mais importante para isso foi e continua sendo: nós estamos juntos!"

Bas reconheceu que "as comemorações chegam em um momento difícil neste ano", com a inflação em torno de 10%.

"As consequências da guerra na Ucrânia e das mudanças climáticas estão deixando muitas pessoas preocupadas", afirmou a parlamentar. "Mas a forma como tratamos uns aos outros determina a força de nosso país. Temos que cuidar uns dos outros."

Bas pediu ainda que os partidos políticos da Alemanha trabalhem juntos em tempos difíceis. Segundo ela, debates democráticos levam a soluções, "mas compreensão e respeito não podem florescer em uma atmosfera envenenada".

Leste preocupado

Em seu discurso, o governador da Turíngia, Bodo Ramelow, do partido A Esquerda, seguiu um caminho ligeiramente diferente.

Ele destacou como as crises atuais são particularmente preocupantes para os alemães da antiga Alemanha Oriental, que trabalharam duro para se reerguer após a Reunificação e, por vezes, se sentiram economicamente deixados para trás pela prosperidade vista na maior parte do oeste do país.

"Seja a pandemia de coronavírus ou a escassez de energia, as crises atuais estão trazendo à tona o que não funcionava antes e as nossas diferenças pré-existentes", disse Ramelow.

O governador acrescentou que, embora o leste tenha feito grandes avanços em termos de desenvolvimento, os mal-entendidos e decepções "raramente são levados em consideração".

Governadores de outros estados da antiga Alemanha Oriental, como Brandemburgo e Saxônia-Anhalt, também expressaram preocupação com a possível fragilidade do sucesso econômico duramente conquistado na região após a queda do Muro de Berlim.

As celebrações do Dia da Unidade Alemã foram realizadas em Erfurt, pois Ramelow atualmente ocupa a presidência rotativa do Bundesrat, câmara alta do Parlamento.

A cidade ergueu 16 pavilhões para representar os 16 estados alemães, com exposições interativas, além de música ao vivo e outras apresentações artísticas que ocorrem nas ruas.

ek/lf (AFP, DPA, KNA)