Mais uma vez, a Petrobras deve ter posição de destaque no debate sucessório. E essa presença constante na disputa das eleições presidenciais é resultado da importância que a companhia tem no nível de investimento, na geração de empregos diretos e indiretos, no montante de tributos pagos, de lucros e dividendos distribuídos a seus acionistas. Somente no primeiro trimestre do ano, o lucro líquido da companhia foi de R$ 44,5 bilhões.

Em 2006, Lula (PT), que buscava a reeleição, insistia em dizer que Geraldo Alckmin, então candidato do PSDB à Presidência, privatizaria a Petrobras, a Caixa e o Banco do Brasil, caso vencesse as eleições. Alckmin rebatia afirmando que não havia uma linha sequer em seu programa de governo que indicasse isso. Pesquisa Ipespe, divulgada a poucos dias do segundo turno naquele ano, apontava que 70% dos brasileiros defendiam que essas empresas deveriam continuar estatais. O discurso de Lula colou e Alckmin teve menos votos no segundo turno do que no primeiro.

Já em 2009, no segundo mandato de Lula, foi lançado um novo marco regulatório para a extração de petróleo na região do pré-sal. Lula acusou o PSDB de querer, nos anos 90, debilitar a Petrobras para vendê-la. Na eleição de 2010, a campanha do PT destacou que o Brasil caminhava para a autossuficiência na produção de petróleo graças à descoberta do pré-sal.

Hoje, menos sujeita à interferência política e com mais autonomia, a Petrobras deverá ser um dos grandes temas da disputa eleitoral

Em 2014, começou a Operação Lava-Jato, que acabou chegando à Petrobras.Jair Bolsonaro, então no PSL, surfou na onda da antipolítica e foi eleito presidente da República em 2018. Hoje, menos sujeita à interferência política e com mais autonomia, a empresa deverá ser um dos temas centrais da campanha eleitoral.

A política de preços adotada pela Petrobras, conforme estabelecido pela Lei das Estatais aprovada no governo do presidente Michel Temer (MDB), está em pleno vigor, embora muito questionada. Diante do cenário internacional, o preço
do barril do petróleo tem subido e, consequentemente, o preço dos combustíveis e do gás de cozinha tem apresentado alta. O impacto na inflação, em especial para os mais pobres, é evidente. O IPCA foi maior desde 2003.

A pesquisa PoderData realizada em abril deste ano, mostra que metade da população (50%) avalia que o governo deve continuar sendo dono da Petrobras. Esse percentual, apesar de expressivo, vem caindo ao longo do tempo. Fato é que o problema dos combustíveis e das fontes de energias renováveis é muito complexo. A tendência é que o debate sobre essa questão continue sendo tratado com superficialidade.