O País fechou o mês de junho com um dado alarmante envolvendo denúncias de abusos físicos, emocionais e sexuais de crianças e adolescentes. Além do ato criminoso em si, que tem de ser coibido e punido com todo o rigor, tanto a neurociência quanto a psiquiatria acentuam atualmente que tais abusos podem levar suas vítimas, sejam elas masculinas ou femininas, a eventuais transtornos mentais ou de personalidade na vida adulta. O abuso de crianças e adolescentes é um crime repulsivo, e que infelizmente avança no Brasil. De acordo com informações da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, divulgadas na semana passada, registram-se diariamente duzentas e oitenta e duas denúncias. O número de casos, em 2020, mostrou tendência de queda: passou de vinte e nove mil no primeiro trimestre para vinte mil no final do ano. Em 2021, a situação piorou: vinte e cinco mil denúncias no espaço entre abril e junho. A maioria dos episódios é de maus-tratos. Na sequência vem o abuso sexual. É estarrecedor saber que 80% dos casos acontecem no interior das casas em que as vítimas moram e 65% deles têm como principais suspeitos os pais ou responsáveis pela guarda e segurança afetiva da criança ou do adolescente. Os números são subestimados, porque grande parte dos abusos não chegam às autoridades.

Bruno Santos

“A casa, em tese, espaço de segurança, é aonde a criança sofre violência. É muito sério pensar no abalo emocional que ela terá, e, por isso, precisamos acabar com o mito de que a família sempre protege. E acabar, também, com a ideia de que nas relações entre pais e filhos ninguém deve se intrometer. Nem toda relação familiar é protetora. É importante que a escola prepare os alunos para que eles possam denunciar ” Luciana Temer, doutora em direito constitucional e presidente do Instituto Liberta (foto)

O Instituto Liberta criou um projeto para que crianças e adolescentes, que estavam ou seguem em quarentena, denunciem a violência sofrida dentro de casa.

HAITI
Política de gângsteres assassina o presidente

CRIME Jovenel Moise: crises recorrentes e aumento da violência (Crédito: Cristina Vega)

O Haiti continua sendo o Haiti: um país em que reina a corrupção, um país no qual o povo vive mergulhado na mais profunda miséria, um país constantemente castigado por desastres naturais e, acima de tudo, um país aonde a política é resolvida na base do gangsterismo. É a lei da bala. Na madrugada da quarta-feira 7, o presidente do país, Jovenel Moise, foi assassinado a tiros dentro de sua própria casa. A primeira-dama, Martine Moise, está hospitalizada porque também foi atingida. De acordo o primeiro-ministro interino, Claude Joseph, a casa de Moise foi invadida por “indivíduos não identificados” e que, aparentemente, falavam em espanhol — francês e crioulo haitiano são as línguas oficiais do Haiti. “Todas as medidas estão sendo tomadas para proteger a nação”, assegura Joseph — como se algum dia a população haitiana tivesse sido cuidada pelos governantes. O país tem um triste histórico de ditaduras e golpes de Estado, que o colocam entre os piores no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano.

HISTÓRIA
A Segunda Guerra e o litoral do Maranhão

Almir Praseres/Governo do Maranhão

A cidade de Humberto de Campos fica a cerca de 150 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão. Nela existe o famoso Canal da Tábua. Foi nesse local que, na semana passada, foram encontrados por moradores da região algumas partes de um avião North American B-25 Mitchell. Trata-se de um bombardeiro americano. O seu achado implica mais uma evidência de que o Brasil serviu, na Segunda Guerra Mundial, de base e rota dos EUA. Até a terça-feira 6, apenas parte do trem de pouso fora retirada na terra.

RELÍQUIA Pedaço do trem de pouso de bombardeiro dos EUA (no alto); acima, o modelo da aeronave (Crédito:Divulgação)