No ar na reprise de ‘Tieta’, Renata Castro Barbosa relembra sucessos da carreira

Atriz, que estreou na Globo na versão original de ‘Vale Tudo’, falou o que pensa do remake e abriu o jogo sobre novos projetos profissionais

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Renata Castro Barbosa. Foto: Divulgação.

Parece que foi ontem, mas muito tempo se passou desde o primeiro trabalho na TV Globo até agora. Com 52 anos de idade e 41 dedicados à carreira de atriz, Renata Castro Barbosa estreou na vida artística na novela “Vale tudo”, sucesso de Gilberto Braga exibido em horário nobre em 1988 e que ganhou remake, atualmente no ar.

Agora, a atriz se vê de volta à telinha e, de certa forma, ao passado. Mas, desta vez, como espectadora de si mesma. Em seu segundo trabalho na emissora, aos 16 anos, ela deu vida à personagem Letícia na novela “Tieta” (1989-1990), de Aguinaldo Silva, inspirada no romance “Tieta do Agreste” (1977), de Jorge Amado (1912-2001), e que está sendo reprisada no “Vale a Pena Ver de  Novo”.

“Eu adorava. Eu tenho um carinho muito especial por essa novela”, disse a atriz, que bateu um bate-papo para o site IstoÉ Gente para falar sobre a carreira e projetos para 2025.

“É muito gostoso e, às vezes, parece um pouco estranho para mim, porque parece que é uma outra pessoa, sabe? É como se eu visse uma pessoa fora de mim. A Letícia ficou meio uma entidade. É óbvio que eu sei que sou eu (risos), mas é uma menina, é a minha menina. Eu olho às vezes e falo: ‘meu Deus, como o tempo passou!’. E ao mesmo tempo, para mim, parece que foi ontem”, conta Renata, que tinha 15 anos quando fez a novela.

Ela destaca que ainda tem guardada as lembranças daqueles momentos: “Eu me lembro de todos os detalhes das cenas, eu tenho memórias muito marcantes e muito presentes ainda”, garante ela.

A participação na versão original de “Vale Tudo”, aos 14 anos, certamente ficou marcada, mas não somente por ser sua estreia na TV. Mesmo tendo se passado tanto tempo, Renata revela seu encantamento por contracenar com grandes nomes da dramaturgia.

“Os maiores estavam ali. Todo mundo que me fez querer ser atriz estava nessa novela. Então, era muito doido olhar para o lado e contracenar com as pessoas e falar ‘eu estou aqui’. Demorei um tempinho para entender”, disse ela sobre o folhetim estrelado por veteranos como Antônio Fagundes, Reginaldo Faria, Cláudio Corrêa e Castro, e claro, Beatriz Segall, que deu vida à icônica Odete Roitman.

Questionada sobre o que pensa do remake, Renata não escondeu ter ficado surpresa com a notícia. Para ela, fazer uma nova versão de uma novela tão marcante e icônica é um desafio. 

“Quando eu soube do remake, eu confesso que eu achei ousado, porque eu acho que é uma novela imexível. Não sei se eu teria a coragem da Débora Block, por exemplo, porque é um personagem icônico e acho que as pessoas vão demorar a ver essa Odete Roitman nova”, avalia ela.

Mas, a atriz pondera que tudo é uma questão de tempo e que o público logo vai se encantar pela versão atual, ao elogiar o trabalho da autora, Manuela Dias.

“Mas, ao mesmo tempo, eu conheço a Manola há muitos anos, fiz peça da Manoela, a gente é amiga há muito tempo, e eu sei da capacidade dela. E aí, eu acho que a ‘brincadeira’ é tentar ver com outros olhos, embora a gente não consiga muito, né?”, disse ela, revelando ter sido inevitável fazer comparações entre os personagens da nova versão com a original.

“Embora o talento seja incrível [do elenco atual], acho que demora um tempinho ainda até as pessoas se desprenderem da antiga ‘Vale Tudo’ e conseguirem assistir a essa nova com olhar novo”, avalia ela.

Drammaturgia e humor

Renata começou a carreira ainda muito nova, aos 11 anos de idade, e de lá para cá foram muitos trabalhos na TV, no teatro e no cinema. Mas, ao longo de 41 anos de sucesso na dramaturgia, surgiram muitas dúvidas se ela deveria continuar trilhando esse caminho. Ela conta que até tentou se dedicar à outra área profissional, mas a dramaturgia, sobretudo o humor, acabava por fisgá-la de volta à atuação.

“Obviamente, eu já pensei em fazer outras coisas, tentei fazer outras coisas porque é uma profissão muito instável. Ela é estável para dez pessoas e instável para dez milhões de outras pessoas. Teve momentos que eu já pensei que eu queria ter feito outra coisa. Eu tentei, na verdade. Eu fiz três vestibulares e passei em dois anos diferentes para Psicologia, e ainda fiz o terceiro, mais velha, para Jornalismo. Mas, eu comecei as faculdades e aí eu fui fazer novela, ou fui viajar com peça, e aí você tranca e não volta mais”, disse ela, enfatizando que tentou, mas que não conseguiu.

O humor também parece ter perseguido Renata, que tem no currículo vários papéis destinados a fazer o público rir. Ela conta que não é necessariamente uma escolha, mas uma missão que ela abraça com satisfação.

“As novelas que eu fiz foram mais voltadas para o humor. É meio como a faculdade, eu tento achar um caminho, mas acabo indo para ele. E eu gosto, eu adoro o som de gargalhada. Adoraria descer por uma parede, escorrendo, chorando, acho incrível… me jogar na cama, música de fundo, chuva caindo. Mas, aí, quando eu vejo, eu tô me afogando na chuva, machucando na parede”, diverte-se ela ao analisar sua trajetória.

A atriz, porém, lamenta o fato do artista ficar “marcado” por um gênero dramático que deu certo e não conseguir flutuar para outros tipos de papel.

“As pessoas no Brasil tem isso, né, você meio que numa ‘prateleira’, ‘fica combinado aquilo, você faz aquilo’. Eu adoraria fazer uma vilãzona. Não sei se uma Odete Roitman eu teria coragem (risos), mas uma nova vilãzona eu queria fazer. E aí você tem que ter alguém que tope ‘comprar essa briga’ e dizer ‘eu aposto nela, eu sei que ela é capaz’, e eu não sei se a gente tem hoje em dia pessoas com essa força. E eu sei fazer [papel de vilã], eu acho que eu faria muito bem”, diz ela, aos risos.

Questionada sobre o desejo que muitos atores têm de dar vida a um vilão, Renata explica as razões.

“Eu acho que é porque é muito fora da gente, você falando com uma pessoa muito nojenta e tal, e aí é a possibilidade de brincar com coisas, com sentimentos que você não usa, que você não conhece ou que você não vivencia nunca. É uma oportunidade de você fazer fora do seu comum. É instigar as pessoas, é um lado que você tem que estar muito atento e trabalhar aquilo muito direitinho para não ficar demais, para não ficar over, é um trabalho que requer uma atenção e uma disponibilidade que talvez não seja comum a você. É um desafio”, analisa ela.

Além de “Tieta” e de “ Vale Tudo”, a atriz acumula no currículo trabalhos em novelas como “O profeta” (2006) “Sete pecados” (2007), “Caras e bocas” (2010) e “Amor à vida” (2013). Ela também atuou na aclamada série infantil “Caça talentos” (de 1996 a 1998), ao lado de Angélica, e como a divertida Gislene, a bigoduda rival de Marinete na série “A diarista” (2004 a 2007). 

Durante seis anos, o humor foi rotina na vida da atriz, fazendo parte do elenco do extinto “Zorra”, na Globo, onde chegou a estrelar ao lado de seu namorado, o ator Léo Castro, o primeiro quadro fixo do humorístico chamado “Bia e Maurício”. Seus últimos trabalhos foram uma participação na novela “Travessia” e na série “Matches”, da Warner.

No cinema, Renata Castro Barbosa contabiliza vários filmes como “Ninguém é de ninguém” e “Tudo por um pop star 2”, baseados em obras homônimas, “Missão de Ulisses” e “Mallandro – o errado que deu certo”.

Nos palcos, Renata esteve em mais de uma dezenas de peças, como os sucessos “Os famosos quem” e “Toalete”. Já no streaming, ela pode ser vista na série “A magia de Aruna”, na Disney+, como Teresa, a mãe da protagonista Mima (Jamilly Mariano).

Novos projetos

Renata Castro Barbosa está a mil em 2025. No ar na reprise de “Tieta”- que foi seu segundo trabalho na TV -, a atriz comandou a segunda edição do festival “Humor Contra-ataca”, que aconteceu no Rio neste início de ano, no Rio, com shows como Fábio Porchat, Bruna Louise, Marco Luque e Paulinho Gogó.

No final de março, a atriz voltou aos palcos do Rio com a peça “O bem amado”, de Dias Gomes, ao lado de Diogo Vilela, após temporada de sucesso no ano passado. O espetáculo encerrou temporada na capital e agora segue para Petrópolis, na Região Serrana Fluminense.

Um brinde à amizade

Ao lado da amiga Gabriela Duarte, Renata embarcou no ano passado em um novo projeto bem diferente de tudo que havia feito até então. Há cerca de oito meses, as duas atrizes comandam o “PodAmiga”, onde recebem duplas que contam suas divertidas e curiosas histórias de parceria e de afeto. A inspiração para o tema central das conversas no podcast é justamente a amizade que une as duas há algumas décadas.

“Amizade de longa data. Quase esses 41 aí [anos de carreira], até mais, porque a gente se conhece antes de fazer novela”, celebra a artista, feliz também com o sucesso dessa parceria.

“Eu estou adorando. Eu to achando muito legal. A gente fala de amizade. A gente queria trabalhar junto, já tinha feito algumas pequenas coisas na televisão, nada que a gente ficasse muito junto”, explica ela sobre como surgiu a ideia, descrevendo, em seguida, o que representa para ela a força desse laço tão importante que une as pessoas.

“A amizade talvez seja das relações mais importantes que a gente tem, né? Marido vai embora, filho cresce, pai e mãe se vão, mas a amizade é quem segura a gente em todas essas variáveis de momento, é quem segura nossa mão, é quem conhece a gente melhor talvez do que a gente mesmo”, diz ela.

“Acho que nessa correria de redes sociais, a gente ficou muito distante disso, a gente tem 3 milhões de amizades na vida e a gente encontra muito pouco com os amigos. A gente achou que poderia ser legal e acabou dando super certo, porque as pessoas que vão para o podcast, para eles estarem ali, elas vão relembrando histórias delas. Então, vão resgatando coisas das amizades delas que elas talvez nem lembrassem, ou não parassem para pensar”, vibra ela com o resultado do projeto.

O sucesso não é medido somente pela audiência. Com menos de um ano no ar, a mesa para o bate-papo já é concorrida por pessoas ávidas por contar e relembrar suas histórias.

“Começou há cerca de oito meses, e agora as pessoas já pedem para ir”, comemora Renata.

A temporada 2025 do “PodAmiga” já começou a ser exibida pelo YouTube.