Ele mesmo já alertou que precisa de tempo para recuperar seu futebol, depois de ter lidado com diversas lesões nos últimos anos. Mas depois de disputar três partidas em seu retorno ao Santos, Neymar não conseguiu impor sua classe nem resgatar um time que está à deriva.
A mais recente apresentação decepcionante do camisa 10, a contratação mais bombástica dos últimos tempos na América do Sul, aconteceu na quarta-feira contra o Corinthians, que venceu por 2 a 1 no clássico alvinegro, no estádio Neo Química Arena, em São Paulo.
Foi o terceiro jogo de ‘Ney’ desde a reestreia no clube que o revelou, após os empates contra Botafogo de Ribeirão Preto (1 a 1) e Novorizontino (0 a 0) pelo Campeonato Paulista.
Na segunda partida como titular, o maior artilheiro da história da seleção brasileira, de 33 anos, voltou a passar em branco: nenhum gol, nenhuma assistência, nenhuma vitória em 188 minutos disputados nos três jogos.
Com exceção de algumas jogadas em que mostrou categoria e de dois chutes perigosos defendidos pelos goleiros, o atacante não tem sido o ‘maestro’ que o Santos esperava.
“Neymar ainda não conseguiu se recuperar e dá a noção de que vai precisar de muito, muito trabalho”, escreveu o comentarista Paulo Vinícius Coelho no portal UOL.
Após a derrota na casa do Corinthians, onde também foi xingado e vaiado pela torcida local, Neymar pediu calma, garantindo que em “dois ou três jogos” estará fisicamente “100%”.
“Me senti um pouco melhor do que no último jogo”, disse ele aos repórteres ao final de um duelo em que mais uma vez sofreu com o jogo forte dos adversários.
Antes de desembarcar no Brasil, no final de janeiro, o ídolo santista havia disputado sete partidas pelo saudita Al-Hilal nos últimos 17 meses, contagem baixíssima que se explica por uma grave lesão no joelho esquerdo sofrida em outubro de 2023 e depois algumas lesões musculares.
O ex-jogador do Barcelona e do PSG, que sofreu contusões ao longo da carreira, não jogava desde novembro, por isso presumia-se que ele não teria uma condição física perfeita em seus primeiros jogos.
O que poucos imaginavam é que, pelo menos por enquanto, sua influência no jogo fosse ser tão limitada contra adversários, exceto o Corinthians, de menor porte.
“Está muito claro que ele está fora de forma física e sem ritmo de jogo, e isso se caracteriza exatamente quando ele sai e o time melhora”, escreveu o ex-jogador Walter Casagrande no UOL.
O diretor executivo do Al-Hilal, Esteve Calzada, fez soar o alarme sobre o futuro do astro ao afirmar recentemente que a rescisão antecipada de seu contrato milionário estava relacionada ao seu nível esportivo.
“Por mais que Neymar tenha contribuído para o nosso sucesso comercial, o desempenho esportivo vem em primeiro lugar. E chegamos à conclusão de que ele não era mais capaz de oferecer o que esperamos dele”, disse ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung.
Neymar tem refutado quem questiona seu potencial, que tenta recuperar totalmente para lutar com o Brasil pelo hexacampeonato na Copa do Mundo de 2026, na América do Norte.
“O treinador [o português do Santos, Pedro Caixinha] pensa em mim em todos os jogos”, disse, confiante de que irá dissipar as dúvidas sobre o seu nível.
O certo é que o Santos já estava sob pressão antes do regresso do ‘filho pródigo’, o que impactou favoravelmente na imagem comercial do clube.
Antes da chegada de Neymar, o Santos havia perdido três jogos, empatado dois e vencido um. Faltando três rodadas para o final da primeira fase, o Peixe está fora da zona de classificação às quartas de final do Campeonato Paulista.
O Santos vem se reforçando com nomes relevantes para o nível sul-americano para a temporada em que retornará à elite do futebol brasileiro, após ter disputado no ano passado pela primeira vez a segunda divisão. Mas ainda não engrenou.
“Não é exatamente o começo com o qual o torcedor santista sonhava”, disse o jornalista Alexander Alliatti ao portal Globo Esporte. “Mas é preciso ser compreensivo com a situação de um jogador que ficou mais de um ano sem jogar.”
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