A ex-ministra da Saúde Nísia Trindade acusou, nesta segunda-feira, 10, ter sofridos casos episódios de misoginia e uma campanha para desvalorizar seu trabalho dentro do governo. A declaração foi dada durante a cerimônia de transmissão de posse no Palácio do Planalto.
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Desde o fim do ano passado, Nísia passava por um processo de fritura entre os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que resistia em demitir o então chefe do Sistema Único de Saúde (SUS). Antes mesmo da confirmação da demissão, ela já fazia críticas internas às frituras sofridas por aliados e partidários do Centrão.
O incômodo ficou explícito durante seu discurso de despedida. Em sua fala, mandou recados e afirmou ser necessária uma mudança de comportamento político no país.
“Ainda que o sentimento predominante em mim seja a satisfação em ter feito parte da equipe do presidente Lula e ter servido ao meu país, não posso esquecer que, durante os 25 meses em que fui ministrado, uma campanha sistemática e misógina ocorreu para desvalorizar meu trabalho, minha capacidade e minha idoneidade. Não é possível e não aceito, acho que não devemos aceitar como natural um comportamento político dessa natureza”, declarou.
“Podemos e devemos construir uma nova política baseada eficazmente no respeito e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida da nossa população”, provocou a ministra.
A gestão de Nísia Trindade foi criticada por interlocutores do PT e por aliados do Centrão pela falta de alcance das ações da pasta junto aos candidatos. O ponto crucial para a demissão foi o insucesso do programa Mais Acesso a Especialistas, que não embalou com um ex-presidente da Fiocruz no comando.
Lula chegou a resistir à pressão, cobrou Nísia, mas, com a necessidade de atender ao lado político e, principalmente, driblar um xadrez dentro do próprio partido, optou pela demissão no fim do mês passado. A agora ex-ministro se manteve no cargo para a transição do novo ministro, Alexandre Padilha.