Um alto funcionário da ONU afirmou, nesta sexta-feira (27), que o número de mortos publicado pelas autoridades da Faixa de Gaza “nunca” foi “questionado” durante conflitos anteriores, depois de Washington ter contestado sua credibilidade.

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde do movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, anunciou um novo número de mais de 7.300 mortes no território palestino desde o início da guerra com Israel em 7 de outubro, a maioria delas civis e entre elas mais de 3.000 crianças.

“No passado, durante os cinco ou seis ciclos de conflito na Faixa de Gaza, estes números foram considerados credíveis. Ninguém nunca realmente questionou estes números”, disse Philippe Lazzarini, diretor da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), em coletiva de imprensa em Jerusalém.

Lazzarini confirmou, por outro lado, que “pelo menos 57 colegas” funcionários da UNRWA morreram na Faixa de Gaza nestas semanas.

As declarações do diretor da agência foram feitas depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, que mostrou seu firme apoio a Israel desde o início da guerra, expressou dúvidas sobre o número de vítimas civis na quarta-feira.

“Tenho certeza de que pessoas inocentes morreram e esse é o preço de travar uma guerra”, disse ele. “Mas não confio nos números que os palestinos usam”.

O Ministério da Saúde do Hamas respondeu na quinta-feira ao publicar uma lista com os nomes de quase 7.000 palestinos que estão entre os mortos nos bombardeios israelenses desde 7 de outubro.

Esta lista, de 6.747 nomes, indica gênero, idade e número de identidade dos mortos. O Hamas esperava confirmar a identidade de outros 281 corpos.

Em documento anexado à lista, o ministério explicou o procedimento de apuração do número de mortos.

Nos chamados “hospitais governamentais”, aqueles que dependem da administração do Hamas, os “dados pessoais e número de identidade” de cada palestino morto na guerra são inseridos no banco de dados informatizado do estabelecimento no momento da chegada do corpo, ou da morte do ferido, segundo o documento.

Estes dados são transmitidos “diariamente” ao “registro central de mártires” do Ministério da Saúde.

Quanto aos mortos transferidos para hospitais privados, os seus dados pessoais são registrados em um arquivo especial, que depois é enviado “no prazo de 24 horas” ao ministro da Saúde para registrar os seus nomes na base de dados central.

O “centro de informação”, departamento específico do ministério, é responsável por verificar as informações fornecidas pelos hospitais “governamentais” e privados para “garantir que não contenham dados duplicados ou erros”, antes de registrar os nomes na base de dados, segundo a mesma fonte.

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