20/09/2023 - 9:38
“Não alimente os micróbios, senão eles crescem”. O melhor dos sábios é compartilhar sua companhia, e sou um felizardo também neste sentido, já que, diariamente, convivo com um. Alô, PL, aquele abraço!
No caminho oposto aos sábios, o deputado federal Nikolas Ferreira é um destes políticos que me enchem de revolta e indignação. E para muito além dos meus sentimentos, que não dizem respeito a ninguém ou interferem na vida das pessoas, sua relevância política traz – aí, sim, coletivamente – danos irreparáveis à sociedade.
Esse rapaz, na falta de quaisquer pautas positivas e propositivas, já que um completo ignorante e energúmeno, atua como destruidor da civilização, diuturnamente cuspindo sua baba ideológica contra tudo que sua suposta fé não aceita. E, claro, encontra eco nos milhões de eleitores que o elegeram.
Não bastasse sua guerra santa contra gays, travestis, obesos, petistas, comunistas, socialistas e sei lá mais quais e quantos “istas”, Nikolas agora combate ferozmente a possibilidade de casais do mesmo gênero contraírem matrimônio, legalmente chamado “união civil”, ou seja, casamento.
Sim, o valente quer excluir parte da sociedade e, no limite, eliminar pessoas – apenas por terem um gênero diferente do seu – da legalidade. O deputado acredita que casamento deve ser restrito a um homem e a uma mulher, pois o objetivo, segundo ele, é a reprodução humana. Eu pergunto para essa besta ao quadrado: um homem ou mulher infértil estará impedido(a) de casar?
O argumento deste rapaz é tão imbecil, mas tão imbecil, que chega a ser repugnante, pois sabidamente oblíquo, já que um expert em burlar as leis (principalmente as relativas a crimes de homofobia e similares). Pergunto também: um homem e uma mulher que optarem por não ter filhos poderão casar? Aliás, por que Nikolas não tenta tornar a reprodução humana uma obrigação?
É claro que esse sujeito – mais uma vez! – tenta legislar contra homossexuais, mas, covarde, simula outros argumentos. Ele e sua laia acreditam que homossexualidade é pecado, coisa do demônio, uma sem-vergonhice humana. Desconhecem – ou conhecem, mas fingem o contrário – que, na natureza, mais de mil e quinhentas espécies mantêm relações homossexuais.
Há estatísticas que mostram que em rebanho de ovinos chega a 8% o número de machos que preferem se relacionar sexualmente com outros machos. Ratos, coelhos, gambás, cães, gatos… Todas essas espécies convivem com algum percentual de relações homossexuais. E aí, Nikolas? São todos indignos de Deus? Os animais optam por sexo com o mesmo gênero ou simplesmente são quem são?
O sábio me disse, mas não ouvi, e cá estou alimentando os pombos outra vez, eu sei. Fazer o quê? É da minha essência combater iniquidades, e Nikolas Ferreira representa como poucos o que considero mais danoso à sociedade, à humanidade.
Gente que pensava como ele perseguiu e assassinou (em massa) gays, judeus, negros, enfim, pessoas e etnias que considerava impuras, pecadoras etc. Entendo ser meu dever, ainda que alimentando, combater os vermes, ops!, micróbios que atentam contra a vida e a dignidade humanas. Sinto-me melhor assim. Repito: é da minha natureza.