Quem me conhece e me acompanha desde 2016, quando comecei a escrever no Portal UAI e no jornal Estado de Minas digital, e mais recentemente, desde 2020, na revista Istoé (site e versão impressa), sabe que sou empresário, que me identifico politicamente com a social democracia (um dia praticada com extrema parcimônia no Brasil, pelo atual “morto-vivo” PSDB), que minha bandeira é o liberalismo econômico, representado pelo livre mercado e a menor interferência possível do Estado, que jamais votei em Lula, no PT ou qualquer político e partido de esquerda, e que em 2018, no segundo turno das eleições presidenciais, por verdadeira repulsa à cleptocracia lulopetista, caí na armadilha do “voto-vômito” em Jair Bolsonaro (termo brilhantemente cunhado pela não menos brilhante jornalista Cristina Serra), e no primeiro turno votei em Henrique Meirelles.

Feita essa enorme digressão (quase uma apresentação), já que dias de absoluta estupidez política e ignorância interpretativa, em que precisamos desenhar que não somos isso ou aquilo, especificamente, no meu caso, por ser, desde março de 2019, quando se iniciou a tentativa de ruptura democrática, um combatente aguerrido contra o desgoverno que aí está – e a horda fanática que surgiu à partir da eleição do patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias compradas com panetones e dinheiro vivo -, e mais aguerrido ainda após a política psicopata, sociopata e homicida de “apoio” ao coronavírus, empregada pelo devoto da cloroquina, Jair Bolsonaro, em pessoa, que não sou comunista, esquerdista, petista ou sei lá mais quais e quantos “istas”, depois de tentar assistir ao debate promovido pela CNN entre os deputados federais eleitos, Guilherme Boulos (PSOL) e Nikolas Ferreira (PL), um em SP e o outro em Minas, ambos com mais de 1 milhão de votos cada, preciso dizer que os dois, assim como seus partidos e “patrões”, são duas excrescências políticas que nada ajudarão o País.

O antigo ícone da extrema esquerda e o novo ícone da extrema direita são vagos e vazios; não possuem qualquer plano ou projeto para o Brasil; representam o atraso civilizatório, a truculência e a intolerância típicos dos regimes autocráticos que representam; atuam como personagens populares e populistas em busca dos votos de suas militâncias cegas; são fantoches obedientes e subservientes a seus “donos”; craques na oratória de frases feitas e lacrações fáceis. E como o meliante de São Bernardo e o verdugo do Planalto, Lula e Bolsonaro, respectivamente, são animadores de plateia competentíssimos, mas tão e somente só! Espremam os dois e só escorrerá lama. Espremam o PSOL e o PL e só escorrerá chorume. Espremam o chefão do mensalão e o amigão do Queiroz e só escorrerá mais atraso, miséria, discórdia, corrosão democrática, autocracia e cisão social. E se eu não estivesse 100% certo, o Brasil não estaria na situação em que está, polarizado entre dois velhos e velhacos da velharia política nacional, afundado em baixíssimo crescimento, altíssima inflação, desemprego e juros estratosféricos, fome, doença, violência e desesperança, em meio a um ambiente de ódio social e negação das instituições democráticas (Congresso, Supremo, Eleições, Imprensa etc.).

Ah, sobre o debate propriamente dito, tentei, com afinco, assistir a tudo, mas depois de 25 minutos de ofensas, cinismo, mistificações, mentiras e absolutamente nada que prestasse, desisti e vim aqui escrever essa coluna, que também não presta, mas ao menos me distrai um bocado. Nenhum dos dois representa, nem de longe, os valores liberais e sociais-democratas em que acredito e prezo tanto. Nenhum dos dois irá, de fato, defender um Estado menos perdulário e corrupto e mais eficiente. Nenhum dos dois votará pela diminuição dos próprios privilégios e de seus apaniguados. Como sei disso? Bem, vejam com quem eles andam (Lula, Bolsonaro, Zé Dirceu, Valdemar Costa Neto) e o que já fizeram na vida. Simples assim.