15/10/2022 - 5:02
Com 26 anos de carreira e mais de 20 desde sua primeira apresentação no Brasil, a banda finlandesa de heavy metal sinfônico Nightwish fez mais um show memorável no país, em uma sexta-feira (14) razoavelmente fria e de garoa fina em São Paulo, no Espaço Unimed.
O espetáculo, que precisou ser reagendado mais de uma vez por conta da pandemia de Covid-19, ocorreria em maio de 2020, pouco depois do lançamento do nono álbum de estúdio da banda, “Human. :II: Nature.”, mas acabou adiado para 2021 e novamente, dessa vez para mais de um ano, neste outubro.
Nesse meio tempo, a banda brasileira Armored Dawn, que faria a abertura dos shows por aqui, foi encerrada, e coube à também finlandesa Beast in Black assumir a tarefa de aquecer a plateia que aguardava há mais de dois anos para ver e ouvir o Nightwish ao vivo.
Com um power metal cheio de influências pop e eletrônicas, carregadas de sintetizadores, a Beast in Black cativou o público em especial pelo carisma de seu vocalista, o grego Yannis Papadopoulos, que interagiu bastante com a plateia e se garantiu em notas altíssimas, que lembram os melhores momentos de Rob Halford, do Judas Priest.
E esta não é a única influência dos britânicos na Beast in Black, uma vez que a dupla de guitarristas, Anton Kabanen e Kasperi Heikkinen, recheia as músicas com melodias marcantes e coreografias sincronizadas que lembram muito a dupla Glenn Tipton e K. K. Downing, do Judas.
Em pouco menos de uma hora de apresentação, a Beast in Black apresentou suas credenciais para retornar ao Brasil em abril de 2023, no festival Summer Breeze, em São Paulo, onde promete contagiar ainda mais os brasileiros com seus carisma e refrães grudentos.
Às 22h30, finalmente, o Nightwish subiu ao palco para apresentar aos paulistanos o show aguardado por eles há mais de dois anos, e já começou confiando na fidelidade de seus fãs, que retribuíram cantando a plenos pulmões a empolgante “Noise”, do mais recente álbum.
Na sequência, a banda emendou com “Planet Hell”, do álbum “Once”, de 2004, o derradeiro com a primeira vocalista da banda, Tarja Turunen, e “Tribal”, mais uma do trabalho mais recente. Depois, foi a vez de “Élan”, do disco “Endless Forms Most Beautiful”, de 2015, o primeiro registro em estúdio com a atual vocalista, Floor Jansen.
A holandesa assumiu os microfones da banda há exatos 10 anos, para substituir Anette Olzon, que gravou dois álbuns de estúdio, “Dark Passion Play” (2007) e “Imaginaerum” (2011), depois da saída de Tarja, em 2005. Desde 2012, Floor, que já era conhecida entre os fãs de metal por suas bandas anteriores, After Forever e ReVamp, se consolidou no grupo com sua voz potente e versátil, que ora soa doce e angelical, com seu canto lírico, ora agressiva e demoníaca, com um estilo mais rock n’ roll.
O setlist do show segue mesclando faixas de todas as fases da banda, com canções gravadas nas três vozes femininas que passaram pelo Nightwish. Um dos pontos fortes do show, especialmente pela versatilidade de Floor, ocorre em “Ever Dream”, do álbum “Century Child”, que começa com uma melodia doce dos teclados de Tuomas Holopainen, principal compositor e líder da banda, e a voz angelical de Floor, que ao longo da canção ganha força e chega ao clímax em tons bem altos.
Na sequência, “Nemo”, mais uma do “Once”, foi uma das mais bem recebidas pelo público. A música foi a responsável por alavancar a popularidade do Nightwish em meados dos anos 2000, e fez com que a banda rompesse a barreira dos fãs de heavy metal pelo mundo e alcançasse públicos fora do “mundinho do metal”.
Em um “momento fofura”, Floor convida o público a pensar nas pessoas que amam e ou que gostariam de ter ao seu lado durante o show enquanto canta a balada “How’s the Heart”, do “Human. :II: Nature.”, em uma versão acústica, ao lado do músico Troy Donockley, ao violão.
Donockley, que também toca gaita irlandesa, flauta e guitarra, recentemente assumiu a maior parte dos backing vocals do Nightwish após a saída do baixista e vocalista Marko Hietala, que foi substituído por Jukka Koskinen. Tanto Donockley quanto Koskinen cumprem com competência algumas das lacunas deixadas por Hietala, mas o carisma do antigo baixista e vocalista parece insubstituível e faz falta nas apresentações ao vivo.
Talvez o grande momento ao vivo do Nightwish na última década tem sido a execução de “Ghost Love Score”, mais uma do “Once”, que na voz de Floor Jansen alcançou um outro patamar com os fãs da banda. A música chegou a se tornar um pequeno fenômeno no YouTube com dezenas de vídeos de fãs, professores de canto e cantores reagindo às performances da vocalista, que transborda carisma e técnicas vocais diversas em sua execução.
Com cerca de 10 minutos de duração, a canção épica escrita por Tuomas Holopainen inflama o público que assume quase um papel de um exército medieval comandado pela banda e, principalmente, pela motivação cativante de Floor, que impressiona com seu controle e potência vocais.
A ainda mais épica “The Greatest Show On Earth”, com cerca de 20 minutos de duração, encerra de forma apoteótica essa passagem da banda pelo país. A primeira em quatro anos, e que contou com apenas mais uma apresentação, na quinta-feira (13), no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, onde a banda apresentou exatamente o mesmo setlist.
Confira abaixo um vídeo com a performance do Nightwish e de Floor Jansen de “Ghost Love Score”, que virou um fenômeno de reações no YouTube, e no final, o setlist completo das duas bandas que se apresentaram nessa sexta no Espaço Unimed, em São Paulo.
Setlist Nightwish
Noise
Planet Hell
Tribal
Élan
Storytime
She Is My Sin
Sleeping Sun
7 Days to the Wolves
Dark Chest of Wonders
I Want My Tears Back
Ever Dream
Nemo
How’s the Heart?
Shoemaker
Last Ride of the Day
Ghost Love Score
The Greatest Show on Earth
Setlist Beast in Black
Blade Runner
From Hell with Love
Beast in Black
Born Again
Cry Out for a Hero
Moonlight Rendezvous
Sweet True Lies
No Surrender
Die by the Blade
One Night in Tokyo
Blind and Frozen
End of the World
