04/03/2017 - 13:48
Johannesburgo, 04 (AE) – A Nigéria apresentou acusações criminais contra as multinacionais petrolíferas Royal Dutch Shell e Eni no âmbito da venda por US$ 1,1 bilhão de um dos blocos petrolíferos mais ricos da África. As duas companhias negam qualquer irregularidade. As acusações apresentadas na Suprema Corte da capital nigeriana, Abuja, sustentam que as empresas pagaram US$ 801 milhões ao ex-ministro do Petróleo Dan Etete, ao ex-ministro de Justiça Mohammed Bello Adoke e ao empresário Aliyu Abubakar pela licença de exploração. O governo nigeriano teria recebido apenas US$ 210 milhões no negócio. A documentação apresentada na Suprema Corte acusa a subsidiária nigeriana da Shell e seu ex-diretor Ralph Wetzels, a Eni e sua subsidiária nigeriana Agip e os diretores Roberto Casula, Stefano Pujatti e Sebastiano Burrafato. Também é acusada a Malabu Oil, companhia estabelecida secretamente por Etete que ganhou a concessão do bloco quando ele era ministro do Petróleo. Etete, Adoke e Abubakar, que estariam vivendo na Europa, não puderam ser contatados. As acusações foram apresentadas pela Comissão de Crimes Econômicos de Financeiros da Nigéria, que em janeiro ganhou na Justiça uma decisão para que o controle do bloco petrolífero fosse devolvido ao governo local. Adoke é acusado pela comissão também de lavagem de dinheiro, pois teria recebido mais US$ 2,2 milhões em 2013 por ajudar no negócio. As companhias petrolíferas garantem ser inocentes e que o dinheiro foi pago ao governo da Nigéria. A Shell e a Eni pagaram US$ 1,1 bilhão em uma conta nigeriana em uma agência em Londres do JPMorgan Chase, em 2011. Adoke, então ministro da Justiça e procurador-geral, autorizou a operação. O caso gerou investigações nos Estados Unidos, na Itália, França, Suíça e Holanda. Promotores italianos pediram no mês passado que a Eni, a Shell, o executivo-chefe da Eni, Claudio Descalzi, e mais dez pessoas sejam julgadas por corrupção. A Eni afirmou que investigou as alegações mas não encontrou evidência de conduta corrupta. A Shell disse que leva o assunto a sério e coopera com as autoridades. Fonte: Associated Press.