Um das esperanças do Brasil para os Jogos de Inverno de Pequim, na China, Nicole Silveira vai estrear em Olimpíadas e logo de cara já vai precisar competir contra sua namorada.
A brasileira, de 27 anos, mora no Canadá desde os sete anos e no Natal do último ano assumiu um relacionamento com Kim Meylemans, de 25 anos. Assim como Nicole, a belga vai competir no skeleton. Além disso, Kim é embaixadora da Out For The Whin, uma entidade que busca divulgar a visibilidade de atletas LGBTQ+ com histórias e sem fins lucrativos.
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“Essa nossa história é tão legal e tão diferente… É mais fácil ver casais competindo pelo mesmo país. Homem e mulher, em naipes diferentes ou em esportes diferentes. A gente compete contra a parceira. É divertido e desafiador ao mesmo tempo”, relatou Nicole ao jornal O Globo.
“É bem difícil para algumas pessoas falarem sobre seus relacionamentos e para mim não foi fácil. Estou melhorando… Mas o alívio que eu senti ao publicar aquele post… Se eu puder inspirar outras pessoas a se assumirem também, vai ser muito legal”, completou.
O relacionamento entre Kim e Nicole surgiu por meio do esporte. O skeleton aproximou as duas e Nicole contou ter sentido uma conexão muito forte com a belga desde o início.
“Este é o meu primeiro relacionamento com uma mulher, não sabia desta parte de mim mesma. Eu e a Kim sempre tivemos uma conexão muito forte, desde que a gente se conheceu. As duas tinham namorado e não pensávamos nada uma em relação a outra”, relembra a brasileira.
“Na última temporada é que a gente começou a ter esse lance mais forte. Eu tive que me analisar bastante, ver se era isso mesmo que eu queria. Hoje eu sou muito feliz com ela, em saber quem eu sou, de poder me expor assim. Eu não curto esconder nada. Mas primeiro tive de entender esta novidade para mim mesma. Não me sentia confortável de deixar o mundo saber, sem eu, de fato, saber. Foram meses de reflexão e descobertas, de saber quem sou. Quando assumimos, foi um alívio. Queria continuar a ser quem sou”, ressaltou Nicole.
Sobre sua homossexualidade, Kim relatou que já há vai assumido sua orientação sexual desde os 18 anos. A atleta ainda reafirmou a importância de revelar o processo para mais pessoas.
“É muito especial poder compartilhar os Jogos Olímpicos com seu parceiro. É um período de alta pressão, extremamente estressante, então ter minha companheira como um porto seguro, um local de conforto e segurança, é de imenso valor para mim, e também para meu desempenho. Isso traz uma sensação de calma e normalidade para as semanas mais loucas de nossa carreira”, disse Kim ao site Outsports.
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A distância para ser o único problema para o casal, enquanto Nicole reside no Canadá, Kim mora na Bélgica. Mais uma vez o esporte é o responsável por unir as duas, já que elas costumam viajar juntas para as competições durante boa parte da temporada.
“É que disputamos as mesmas competições e também treinamos juntas. Tentamos nos hospedar nos mesmos locais para onde viajamos. Eu tenho uma parceria com a seleção da Itália e um treinador e ela viaja sozinha. Mas esta será a primeira Olimpíada juntas”, revela Nicole.