Se o regime político bolivarista da Venezuela ainda carecesse dar provas de seu caráter totalitário e truculento, tais deploráveis demonstrações foram exibidas ao mundo na quarta-feira 5. Grupos de vândalos simpatizantes do presidente Nicolás Maduro e membros das milícias chavistas (inspiradas em Hugo Chavéz, o pai da bancarrota em que se encontra o país) invadiram em Caracas o prédio da Assembleia Nacional e, munidos de revólveres, paus, pedras e bombas caseiras, agrediram parlamentares da oposição, jornalistas e funcionários (cerca de vinte pessoas ficaram feridas). O ato terrorista reflete o estado de anomia social, política e jurídica em que a Venezuela foi jogada pelo populismo do ex-presidente Hugo Chávez e também do atual, Nicolás Maduro. O país vive, desde abril, crescentes manifestações de rua, nas quais a população exige saída imediata do presidente. Maduro combate a ferro e fogo os opositores políticos, e suas tropas repressivas, nelas incluídas as milícias chavistas, já são responsáveis por noventa e cinco mortes. Ele declarou que a invasão da Assembleia Nacional será investigada com o ”máximo rigor”. Tudo balela e tática de ditador: o mais provável é que o próprio governo tenha organizado o ataque, porque a cada desordem social ele ganha mais argumentos para recrudescer a repressão – há duas semanas assistiu-se à fanfarrice de um militar que sobrevoou e metralhou o Tribunal Supremo de Justiça e, também aí, os analistas políticos internacionais veem uma armação do governo. Já Maduro põe tudo na conta dos EUA e da CIA. Como se vê, o cambaio esquerdismo tenta ainda não ser enterrado, valendo-se das cinzas da guerra fria na América Latina.

4%

é quanto cresceu a produção industrial brasileira em maio, se comparada ao índice desse mesmo mês em 2016. É o maior avanço nos últimos 7 anos. Em relação a abril, a produção da indústria subiu 0,8%. Os dados são do IBGE: foram pesquisados 24 segmentos, 17 deles apresentaram elevação – sobretudo o de veículos automotores, com crescimento de 9%.

RIO DE JANEIRO
PF desmantela a máfia do transporte

Fabiano Rocha

As relações criminosas do poder público do Rio de Janeiro com o baronato do transporte vêm do tempo dos bondes – quem sabe das seges. A festa agora acabou. A PF prendeu o maior empresário da área, Jocob Barata Filho (foto), concluindo assim a investigação sobre as propinas que a Federação de Transportes distribuía a políticos (ao todo, onze pessoas foram trancafiadas). O ex-governador Sergio Cabral, encarcerado em Benfica, segundo a PF foi beneficiário do esquema que movimentou nos últimos sete anosR$ 500 milhões. Teria ganho R$ 122 milhões isentando ilegalmente de IPVA diversas empresas e cobrando por fora cada vez que majorava o valor dos bilhetes.

EDUCAÇÃO
USP implanta cotas social e racial

A Universidade de São Paulo, uma das mais tradicionais do País, acaba de instituir o sistema de cotas social e racial a partir do vestibular de 2018, quando 37% das vagas serão destinadas a alunos de escola pública – e, dentro desse grupo, 13,7% estarão reservadas a pretos, pardos e indígenas. A meta é oferecer, em 2021, 50% das vagas para quem não vem do ensino particular (37% para a cota racial).

BRASIL
Lava Jato sem limites

MÁRCIO FERNANDES
Cresceu em 288% o número de prisões nos últimos 4 anos. Motivo: a aprovação da lei 12.850, que regulamentou a delação premiada. Antes dela, havia em média 2,5 delaçãos por semana; hoje são 10. A operação da PF que mais prendeu é a Lava Jato:
179 pessoas.Também cresceu, ou melhor, disparou o índice de conduções coercitivas: 304% em 3 anos. 2.278 pessoas foram levadas à força para depo entre 2014 e 2016. É óbvio que o combate à corrupção é imprescindível ao País, mas o uso indiscriminado da figura jurídica do “poder geral de cautela” (migrando da área civil à criminal) ameaça o Estado de Direito.

SOCIEDADE
Socorro ao Arquivo Nacional

O Ministério da Justiça pode mostrar se dá ou não importância à preservação da memória histórica do Brasil. Ele tesourou em 36% a verba do Arquivo Nacional: ficou em R$ 14 milhões e com esse dinheiro a casa fecha as portas em setembro, após 179 anos de existência. Lá estão mil livros e 100 quilômetros de documentos sobre a nossa história. o arquivo precisa de R$ 22 milhões para sobreviver.

FRANÇA
Macron XIV vai ao Palácio de Versalhes

Etienne Laurent/Pool

Emmanuel Macron já se declarou “um presidente jupiteriano” e “rei dos tempos atuais”. Ninguém o levou a sério, com uma única exceção: ele próprio. Pois bem, foi com ares de deus mitológico e de rei de França que Macron, no estilo Luis XIV, convocou os 925 parlamentares franceses para o Palácio de Versalhes, onde anunciou de forma litúrgica o início da reforma política no país. Macron XIV declarou que ousará mexer na Constituição da 5ª República da França, inaugurada em 1958 por Charles De Gaulle, e reduzirá um terço dos assentos do Congresso Nacional.