A libertação na segunda-feira de 30 opositores pelo governo de Daniel Ortega foi recebida com alívio por organizações de defesa dos direitos humanos, que no entanto destacaram que outros 500 manifestantes estão presos “injustamente” por protestar na Nicarágua.

O governo de Ortega, pressionado por muitas críticas dentro e fora do país, libertou líderes e ativistas dos direitos humanos 24 horas após a detenção no domingo, durante uma tentativa de protesto em Manágua.

O presidente de 72 anos, no poder desde 2007, é acusado de autoritarismo, nepotismo e corrupção, em meio a uma onda de protestos que exige a sua saída do governo desde abril. A repressão às manifestações provocou mais de 320 mortes.

Vários manifestantes liberados na segunda-feira gritaram “Viva a Nicarágua livre” ao reencontrar amigos e parentes.

O Centro Nicaraguense dos Direitos Humanos (CENIDH) informou que as 30 pessoas detidas no domingo foram libertadas.

“É evidente que não encontraram nenhum indício de delito e aqui estamos em liberdade. Espero que aconteça o mesmo com outros presos políticos”, disse a dirigente do dissidente Movimento de Renovação Sandinista (MRS) Ana Vigil ao sair da prisão.

Líderes de organizações civis, movimentos de defesa das mulheres e dos direitos humanos estavam entre os detidos, que segundo a polícia convocaram um protesto sem a devida autorização.

“É uma boa notícia a libertação dos líderes dos movimentos sociais na Nicarágua. Continuamos atentos e acompanhando a situação de centenas de pessoas presas pela criminalização dos protestos”, afirmou a representante para o país da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH), Antonia Urrejola.

A opositora Aliança Cívica, que reúne empresários, estudantes e grupos civis, anunciou que pretende prosseguir com as ações para libertar todos os presos políticos, que calcula em 400 pessoas.

Organizações de defesa dos direitos humanos registram 500 presos políticos na Nicarágua.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) e o Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU haviam condenado as detenções.

Os chanceleres do Mercosul também criticaram as “ações repressivas do governo” de Ortega, “incompatíveis” com um sistema democrático.

Os protestos começaram em 18 de abril contra uma frustrada tentativa de reforma da Previdência. Após a violenta repressão às manifestações, o movimento passou a exigir a renúncia de Ortega e de sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo.