A Nicarágua começou nesta terça-feira (2) a aplicar a vacina russa Sputnik V contra a covid-19 em pessoas com doenças crônicas, em uma primeira fase da imunização, que depois será estendida a outros grupos, informou o governo.

“Estamos vacinando nesta etapa todos os pacientes com problemas renais” que são atendidos em hospitais públicos, privados e da segurança social, anunciou a ministra da Saúde, Martha Reyes, na mídia oficial. A segunda dose da vacina russa será administrada 21 dias após a primeira, explicou.

A doença renal crônica é um problema de saúde crescente na Nicarágua, assim como nos outros países da América Central, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (2013).

Com esta vacina, “estamos tendo a oportunidade de continuar vivendo, porque a covid-19 é extremamente perigosa”, disse Marco Arauz, 62 anos, o primeiro nicaraguense a receber a vacina no Hospital Cruz Azul de Manágua, um centro de hemodiálise, segundo a imprensa oficial. Apenas a mídia estatal teve acesso ao lançamento da campanha de vacinação, que o governo afirma ser “voluntária”.

O Ministério da Saúde planeja concluir a imunização dos pacientes com problemas renais no dia 22 de março e, em seguida, vacinar as pessoas com diabetes, doenças cardíacas, câncer e outras doenças crônicas.

A Nicarágua foi um dos 26 países que se registraram até fevereiro para adquirir a vacina Spuknik V, de acordo com o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF).

O primeiro lote, doado, chegou na semana passada, informou o governo, sem especificar quantas doses foram recebidas. Em janeiro, as autoridades anunciaram que negociariam a compra de 3,8 milhões de doses da Sputnik V.

Com 6,5 milhões de habitantes, o país também espera receber nos próximos dias 200 mil doses da vacina Covishield da Índia e as primeiras 135 mil doses da AstraZeneca, por meio do mecanismo Covax da OMS, criado para garantir uma distribuição equitativa das vacinas.

Segundo dados oficiais, o país acumula 6.489 casos de covid-19 e 174 mortes desde março de 2020, enquanto o Observatório Cidadão – organização criada por médicos independentes – registra 13.140 suspeitas de infecções e 2.976 mortes.

A Nicarágua é o único país da América Central que não adotou medidas restritivas contra o coronavírus e que não realiza testes em massa para medir o avanço da pandemia.