Se você acha que o universo artístico já te surpreendeu o suficiente, prepare-se para a nova onda de arte digital. Não há dúvidas de que a arte NFT (token não fungível -NFT) veio para ficar. Os NFTs são um conceito relativamente novo que entrou em cena com o desenvolvimento do Metaverso. São praticamente o oposto da arte tradicional, mas é justamente essas diferenças que chamam a atenção. Os NFTs podem representar desenhos digitais, pinturas, música, filmes, poesias ou livros. São um ativo digital, desenvolvido de forma não-duplicável, e que possibilita ao comprador possuir, vender ou negociar por meio de plataformas Blockchain do Brasil ou de fora. A tecnologia Blockchain tem como objetivo prevenir fraudes no mundo das criptomoedas. Como um cartório eletrônico, registra todas as transações no bloco e permite que a cadeia acompanhe tudo, evitando falsificações.

Apesar das discussões sobre seu surgimento e as diferentes ideias sobre quem as inventou, os NFTs surgiram em 2012 como moedas coloridas. Logo no princípio, descobriu-se o potencial para construir projetos e ativos, como cartões e memes. Depois vieram os avatares, os personagens e itens digitais como animações e videogames. Quando percebeu o quão valiosas as imagens poderiam ser, a comunidade artística mergulhou nesse novo ambiente de olho nas novas possibilidades de lucro, de pagamento de comissões e de ganhos de royalties recorrentes a cada revenda a terceiros.

A arte NFT pode alcançar muitos compradores potenciais pela Internet. Para comprar ou vender, você precisa de uma carteira digital, comprar criptomoedas e mergulhar nesse universo eletrônico. Geralmente, custa menos para ser produzida do que a arte tradicional e, com isso, acaba sendo comercializada por valores atraentes. Ao invés de telas, tintas e texturas, o artista precisa apenas ter um PC equipado com programas como Adobe Photoshop e Illustrator para explorar a liberdade de criação.

Os NFTs possuem apenas um original. Embora sejam relativamente fácil de copiar com downloads e capturas de tela, apenas o original mantém o valor de mercado graças à tecnologia de Blockchain. O custo da arte NFT pode ser influenciado por fatores como a opinião pública e as tendências das redes sociais. Importante se informar antes para não ter dúvidas de direitos legais. A compra de um NFT não dá necessariamente o direito de propriedade intelectual. Ou seja: você pode possuir um NFT de um videoclipe de um jogo de esportes, por exemplo, mas muitas pessoas podem baixar e compartilhar o clipe original sem infringir os direitos de sua arte.

Existem também dilemas éticos. No mercado tradicional, muitas vezes a arte é valorizada depois que um artista morre. No ambiente do NFT, a dinâmica pode ser outra. O caso da artista digital Qing Han (mais conhecida como Qinni) foi emblemático. Ela teve uma ascensão quase que meteórica com suas ilustrações repletas de detalhes, mas faleceu aos 29 anos após uma batalha contra um câncer. Depois que ela morreu, ladrões criaram NFTs do trabalho dela e começaram a faturar.

O movimento assustou porque muitos não sabiam sobre a falta de regulamentação para a venda de arte digital a partir desse tipo de cenário. Talvez o caso dessa artista seja um dos exemplos moralmente mais repulsivos de um problema muito maior: pode haver insegurança na venda de arte digital?

Especialistas são categóricos em avisar que os artistas são proprietários das imagens e da arte que eles criam. Isso significa que lucrar com qualquer produto que utilize material sem permissão é ilegal, e isso vale também para os NFTs. Além disso, da mesma forma que a cópia de um quadro famoso não vale praticamente nada, o valor de um NFT está diretamente ligado à exclusividade e ao impacto da obra no ambiente digital.

Para quem desejar testar esse ambiente digital, uma opção é a solução da startup brasileira Sonica que permite o acesso a assets digitais. O CEO, Alexandre Adoglio, destaca que a curadoria garante a qualidade técnica dos projetos e gera um ecossistema 360º para o mercado, conectando empresas, marcas, produtos e serviços ao universo Web3. Os interessados em adquirir os projetos Web3 selecionados pela plataforma Sonica ou contatar os artistas diretamente, sem custo adicional. A meta da empresa é chegar a cem artistas e já o acervo digital atual tem nomes como Lilli Kessler, Carolina Cavenagui e Diego Mac.

Os números chamam a atenção para este novo setor. Estimativas indicam que o mercado de tokens não-fungíveis (NFTs) deve chegar a US$ 212 bilhões até 2030. De olho nessa nova onda, muitos museus do exterior já estão investindo em NFTs e disponibilizando espaço para arte digital. O museu MOCO é um dos melhores exemplos de vanguarda nessa área. Eles são bem diretos ao defender que “a arte sustentada pela tecnologia NFT é simplesmente arte” e que os NFTs são, na verdade, apenas um novo meio de expressão criativa com artistas no controle e clientes conhecedores da proveniência e da autenticidade das obras, em um ambiente de expressão criativa ilimitada e de propriedade imutável.

O Museu Moco sempre teve a missão de tornar a arte disponível a todos, acolhendo curiosos e amantes de arte. Recentemente, o museu lançou o Mocoverse para tornar os NFTs acessíveis. O Moco NFT da Mocoverse é uma colaboração com o renomado colecionador 33, o premiado estúdio criativo Six N. Five, Nifty Gateway e Moco Museum. As artes por esse canal custam a partir de 150,00 dólares e quem comprar tem acesso ilimitado ao Moco Museum de Amsterdam e ao Moco de Barcelona para o resto da vida.

Ao contrário desse movimento de disseminação, vale comentar que existe na outra ponta NFTs milionários. Cito exemplos: o Crossroad (um vídeo de apenas 10 segundos) foi comercializado por US$ 6,6 milhões, o Cryptopunk #5822 vale US$ 23,7 milhões e o Human One custa US$ 28,98 milhões. De maio de 2007 a de janeiro de 2021, o artista digital Michael Joseph Winkelmann, conhecido como ‘Beeple’, desenhou 5 mil artes que compõem a obra ‘Everydays: The First 5000 Days comercializada pela incrível cifra de US$ 69,3 milhões para um bilionário indiano que enriqueceu com bitcoins. Beeple costuma dizer que “uma obra de arte que começou no mundo digital agora pode ganhar vida no mundo físico”.

Apesar desse universo de descobertas, fica a dica importantíssima dos especialistas: realizar a devida diligência para poder investir seu dinheiro com segurança e estar ciente dos riscos antes de entrar no mercado de colecionáveis digitais. Afinal, o mundo da arte, seja ele físico ou digital, pode sempre trazer surpresas boas e ruins. Se tiver uma boa história sobre arte para compartilhar, aguardo sugestões pelo meu Instagram Keka Consiglio, Facebook ou pelo Twitter.