O risco é grande: a instância disciplinar da Uefa abriu uma investigação contra Neymar, estrela do PSG que insultou os árbitros nas redes sociais após a eliminação do clube parisiense nas oitava de final da Liga dos Campeões diante do Manchester United.

Neymar, jogador mais caro do mundo (222 milhões de euros), corre o risco de levar uma suspensão de vários jogos na temporada que vem.

O brasileiro, que se recupera de lesão no pé direito, assistiu ao duelo contra o United da tribuna de honra do Parque dos Príncipes e deixou sua fúria explodir nas redes sociais após o pênalti fatal contra o PSG nos últimos minutos da partida, um lance que o árbitro confirmou com a ajuda do VAR.

“Isso é uma vergonha. Ainda colocam quatro caras que não entendem de futebol pra ficar olhando o lance em câmera lenta. Isso não existe. Como o cara vai colocar a mão de costas?”, reclamou o craque no Instagram.

Mas há uma jurisprudência pouco clemente de instâncias disciplinares em casos como esse, estabelecida por… outro jogador do PSG.

Em março de 2015, Serge Aurier, na época lateral do PSG (hoje no Tottenham), foi o primeiro jogador punido pela Uefa por comentários feitos nas redes sociais, recebendo três jogos de suspensão.

Desfalque por lesão contra o Chelsea, o lateral marfinense publicou em sua página no Facebook um vídeo, logo após a classificação parisiense às quartas de final.

No vídeo, Aurier aparece exaltado após o apito final: “Aqui é Paris, árbitro filho da puta!”. Por escrito, o lateral também xingou o árbitro Bjorn Kuipers de “cabeça de couve-flor”.

 

– Uefa advoga pelo VAR –

Após o episódio, Aurier se desculpou. “Eu peço desculpas ao senhor Kuipers, a seus assistentes e a todos os árbitros por minha reação após a partida contra o Chelsea”. “Claro que não é essa imagem negativa que eu quero passar”, continuou. Por sua vez, Neymar ainda não pediu desculpas.

Fato raro, dois dias após a partida entre PSG e United, a Uefa explicou os lances que criaram toda a polêmica na Liga dos Campeões, incluindo o pênalti apitado contra o PSG, defendendo as decisões tomadas pelos árbitros com ou sem a ajuda do assistente de vídeo.

Em relação ao pênalti do parisiense Presnel Kimpembe a favor do Manchester United nos acréscimos, o árbitro, que “claramente não detectou” a mão em tempo real, foi convencido da falta após rever o lance no replay, explicou a Uefa.

“O braço do defensor não estava colado ao corpo”, o que “aumentou a superfície de seu corpo” e impediu que a bola continuasse sua trajetória “em direção ao gol”.

O árbitro também percebeu que “a distância percorrida pela bola (após o chute de Diogo Dalot) não foi curta” até tocar em Kimpembe. O jogador poderia então ter evitado o gesto faltoso, “porque o impacto não foi inesperado”.

 

– Aconteceu com Buffon… –

O PSG não parece ter sorte com seus craques e a disciplina na Liga dos Campeões. Nesta temporada, o goleiro Gianluigi Buffon estava suspenso nas três primeiras partidas da fase de grupos da competição por ter sido suspenso na temporada passada, quando ainda defendia a Juventus.

Em 11 de abril de 2018, no momento em que a Juve vencia por 3 a 0 nos acréscimos e encaminhava a classificação às semifinais, o árbitro apitou um pênalti a favor do Real Madrid.

Buffon acabou expulso por reclamação e Cristiano Ronaldo converteu o pênalti, dando a classificação ao Real.

“Este árbitro não tem coração. Ele tem um saco de lixo no lugar do coração. Se você não tem personalidade e coragem, você assiste ao jogo das arquibancadas com sua mulher bebendo um Sprite”, declarou após a partida o histórico goleiro italiano.

A Uefa abriu um processo disciplinar contra Buffon que resultou nos três jogos de suspensão por seu “cartão vermelho direto” e “seu comportamento”.

“Eu lamento o que eu falei fora de campo e realmente sinto muito, porque em 23 anos de Liga dos Campeões eu nunca fui expulso nem suspenso e acho ter tido um comportamento esportivo com todos”, se desculpou Buffon após o incidente.

 

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