25/11/2024 - 15:24
O jornal estadunidense “New York Times” divulgou uma reportagem no domingo, 24, na qual criticou o STF (Supremo Tribunal Federal) por estar “silenciosamente” desmontando e enterrando “uma das maiores ações anticorrupção da história recente”, em referência à Operação Lava Jato.
Com o título “Um caso de corrupção que se espalhou pela América Latina está sendo desfeito”, a reportagem dos jornalistas Jack Nicas e Ana Ionova ressalta que o STF “está rejeitando evidências” e “anulando condenações importantes”.
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A reportagem ainda critica decisões do ministro Dias Toffoli, responsável por anular condenações de réus envolvidos no esquema como Marcelo Odebrecht, Léo Pinheiro e Raul Schmidt.
Durante as decisões, o magistrado disse que os procuradores da operação ignoraram o devido processo legal. Algumas provas, por exemplo, teriam sido obtidas de maneira ilegal, algo que as impedem de serem usadas para sustentar as condenações.
“O ministro José Antonio Dias Toffoli tem sido central nesse processo, argumentando que provas obtidas ilegalmente não podem sustentar condenações. Dentre suas decisões mais recentes estão a anulação de multas contra empresas como Odebrecht e JBS, impactando 115 condenações no Brasil e influenciando casos em outros países da região, como Peru, Argentina e Panamá”, afirma a reportagem.
“Antes de ingressar na Suprema Corte, ele [Toffoli] trabalhou como advogado do partido político e, mais tarde, como conselheiro do presidente. Em 2009, Lula o indicou para a mais alta Corte do país. Lula e seu partido foram alvos centrais da investigação da Lava Jato. O juiz também já foi ligado à investigação que agora está desmantelando”, completa.
A Operação Lava Jato desvendou um esquema de corrupção que envolvia executivos da construtora Odebrecht (atualmente Novonor) com pagamentos de propina a políticos e funcionários públicos para garantir a preferência nos processos para realização de obras.
Dentre os condenados na operação estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), porém teve a condenação suspensa em 2021 após o STF constatar que o então juiz Sergio Moro foi parcial no caso do petista.