Pela primeira vez a temperatura de cinco graus no Alasca foi mais amena que em estados centrais e do sul dos EUA, que tradicionalmente pouco sofrem com o frio. Desde 1899 a cidade de Oklahoma não passava por uma tempestade de neve tão intensa e extrema como na última semana: os termômetros chegaram ao baixíssimo nível de quatorze graus negativos. Vinte pessoas morreram até a quarta-feira 17 e mais cinco milhões ficaram sem energia elétrica. As consequências, infelizmente, não param por aí. Em estados nos quais os habitantes não estão acostumados com o frio extremo, situações desesperadoras foram registradas pela polícia. Na cidade texana de Houston, uma mulher e uma criança de oito anos tentaram escapar das baixas temperaturas ligando o carro dentro da garagem. Elas morreram intoxicadas por monóxido de carbono. No mesmo estado, as autoridades pedem à população que a água seja fervida antes do consumo — já que a falta de energia causou problemas nas estações de tratamento. Os EUA, que até então vinham com uma excelente campanha de vacinação, sofrem, agora, com a paralisação de distribuição de imunizantes. Texas, Missouri, Alabama, Detroit, entre outros, anunciaram uma pausa na imunização. “Não é seguro as pessoas saírem de casa no momento”, disse o prefeito de Austin, Steve Adler. O presidente Joe Biden declarou estado de emergência.

ANTONIS NIKOLOPOULOS

Ilíada fria

O sítio arqueológico de Acrópole está branco. A neve cobriu o patrimônio mundial e resume a situação da Grécia, também atingida por uma forte nevasca. Os gregos estão sem energia elétrica e a campanha da vacinação também foi interrompida.

ARTE
“Queres a tua alma de volta?”

Não há quem não se inquiete com tal pergunta. E não há nada que contemple a complexidade da vida tanto quanto a arte. Esses quesitos só podem ser explorados por um artista por completo, que é o caso de Jaider Esbell. Nascido na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, o artista da etnia Makuxi traz para a conceituada Galeria Millan a inédita exposição “Apresentação: Ruku”, na qual ele usa pintura, escrita, desenho, instalação e performance em cerca de sessenta obras. Eles abordam desde preocupações socioambientais, cosmologia e críticas à cultura hegemônica. “Acredite, te trago um raro presente, aquilo que nunca mente. Queres a tua alma de volta? Disso entendemos bem”, diz Esbell. Seu trabalho artístico também se aprofunda no chamado txaísmo, no qual relações da sociedade contemporânea são pautadas pelo protagonismo indígena. A curadoria da mostra é feita por ele mesmo com apoio da antropóloga Paula Berbert e a visitação se estende até o dia 20 de março, no Anexo Millan, em São Paulo.

Rio de Janeiro
Nem Cristo dá jeito em Ricardo Salles

BUDA MENDES

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou a ser notícia. É problema, é claro. Ele elaborou um edital de Chamamento Público visando a escolha e o estabelecimento de novos concessionários para as pequenas lojas que funcionam no Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Ao todo seis casas comerciais, e três delas foram dadas por Salles ao grupo Cataratas, que também possui a concessão do Jardim Zoológico. Os lojistas que atualmente estão no Cristo Redentor colocaram em dúvida a legalidade do edital e o caso agora está na Justiça. A Igreja Católica também está descontente com o fato de Instituto Chico Mendes ter ficado com a posse de alguns lugares do Cristo Redentor. Há um decreto presidencial que deu a titularidade do Alto do Corcovado à Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro.