A busca por financiamento no Brasil voltou para a zona de contração em outubro. O Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC) teve queda mensal de 10% no período, após alta de 11% em setembro. Em relação a outubro de 2022, o recuo foi de 5%, contrariando a alta de 6% exibida nessa mesma base de comparação em setembro.

Nem mesmo a expansão de 31% na procura por financiamento no setor de serviços em outubro ante igual mês de 2022 foi suficiente para evitar a queda do INDC no período, dada a baixa representatividade do segmento no indicador. Com exceção de setembro, houve recuo do índice em todos os meses deste ano no indicador da Neurotech, uma empresa B3, especialista na criação de soluções avançadas de Inteligência Artificial e Big Data.

A maior queda no INDC em outubro na comparação interanual foi registrada no segmento bancos e financeiras, que apresentou declínio de 11%, ante crescimento de 10% no mês anterior. Já o varejo teve variação negativa de 1%.

De acordo com Natália Heimann, head de produtos Analytics da Neurotech e responsável pelo indicador, ainda é possível que o INDC apresente “soluços” novamente, mas não o suficiente para reverter a tendência na demanda por crédito nos próximos meses.

Conforme Natália, a taxa básica de juros e o comprometimento da renda das famílias ainda elevados, além do alto nível da inadimplência justificam a expectativa de que a procura por crédito ainda seguirá claudicante.

A responsável pelo INDC explica que os últimos dois meses do ano podem trazer “esse soluço no indicador”, demonstrando uma melhora devido à Black Friday e por conta das vendas de Natal. No entanto, mesmo se isso acontecer, a executiva pondera que ainda não será possível concluir que a perspectiva será de reversão de tendência.

“Mantemos nossa posição de cautela. O varejo passa por turbulências e busca entender quais as necessidades dos consumidores para aproveitar o final do ano e tentar crescer”, diz.

Abertura

No varejo, a categoria que registrou maior queda foi vestuário (-40%) em outubro em relação ao mesmo mês de 2022. Em seguida, aparece o segmento de lojas de departamento (-12%). Eletroeletrônicos e Outros repetiram a taxa negativa de 8%. O resultado positivo ficou apenas para a categoria de supermercados, com expansão de 19%.

Já na comparação mensal, a demanda por crédito cedeu 21% no setor de bancos e financeiras (-21%), subiu 11% em serviços e cresceu 3% no varejo.

Dentro do varejo, a maior expansão na busca por financiamento foi registrada em supermercados, com alta de 58% em outubro ante setembro. As demais variações foram as seguintes: Outros (-52%); Vestuário (-43%); Lojas de Departamento (alta de 46%) e Eletroeletrônico (-1%).