Céline Dion surpreendeu fãs neste domingo, 4, ao surgir no palco da cerimônia do Grammy para apresentar a categoria Álbum do Ano. A cantora, que foi diagnosticada com Síndrome da Pessoa Rígida (SPR) em 2022, tem vivido uma vida reclusa após o cancelamento de shows devido à doença.

Para entender a condição, a IstoÉ Gente procurou Talísia Vianez, mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Amazonas e neurologista do Instituto Senescer e do Hospital Universitário Getúlio Vargas (UFAM/EBSERH), que te explica abaixo. Acompanhe:

Entenda a Síndrome da Pessoa Rígida, doença que afeta Céline Dion

Segundo Talísia, a SPR é uma doença rara que acontece quando o próprio corpo “se ataca”. “O paciente acaba tendo dificuldade em produzir um neurotransmissor chamado GABA. Sem ele, em algumas regiões do corpo acaba havendo rigidez muscular, principalmente na região da coluna, a região axial, de sustentação”, explica.

A médica detalha que a rigidez acaba evoluindo para praticamente todas as áreas musculares do corpo, incluindo as cordas vocais, dificultando a fala. “A pessoa com essa síndrome acaba tendo dificuldade de locomoção e até mesmo para dormir, por causa da rigidez involuntária, que é impossível de controlar”, continua.

Devido ao anticorpo ANTI-GAD, que provém da doença, Talísia ainda explica que os pacientes podem desenvolver condições associadas, como diabetes, tireoidite, crises epiléticas e até mesmo alguns tipos de câncer.

Diagnóstico e tratamentos

Segundo a médica, o diagnóstico da SPR é feito de forma majoritariamente clínica, por meio da análise do relato do paciente e de seu acompanhante.

Os exames, no entanto, incluem a procura pelo anticorpo ANTI-GAD (que nem sempre aparece em pacientes com sintomas de SPR), exame de eletroneuromiografia, que procura por alterações de musculatura, análise do líquido cefalorraquidiano, eletroencefalograma, investigação de tipos de câncer que podem favorecer o aparecimento da SPR e até mesmo exame de tétano.

Hoje em dia, é raro o enrijecimento da região axial do corpo por tétano, mas mesmo assim é necessário descartá-lo”, constata a profissional.

Já os tratamentos são paliativos, já que não existe cura para a SPR. “Entramos com tratamentos para doenças autoimunes em casos agudos. Se houver algum câncer durante a triagem, tratamos o próprio câncer. Mas, para a doença, acaba-se usando medicações para os sintomas, além de muita atividade física e fisioterapia para tentar manter a musculatura mais alongada e trazer mais conforto, já que o paciente tem bastante dor”, diz Talísia.

Além disso, ela destaca a importância de um acompanhamento multidisciplinar: “Fonoaudiólogo, para treinamento de cordas vocais e deglutição, fisioterapeuta, para ajudar a respirar com a rigidez da musculatura, terapeuta ocupacional, para melhorar e adaptar as funções de independência do paciente, e educador físico”, cita, recomendando ainda um bom tratamento psicológico.