Durante uma live com seus filhos, Caetano Veloso, de 80 anos, tremia os dedos enquanto dedilhava o violão. Após a repercussão do que o cantor tinha, foi revelado que ele sofre de tremor essencial, o transtorno de movimento mais comum do mundo.

A mesma doença também foi diagnosticada em Djavan, de 73 anos. Em entrevista ao jornal O Globo, o artista falou sobre o assunto: “Tive tremor essencial, fui medicado e estou curado. Alguns têm nas mãos, outros nas pernas. Eu tive na cabeça. Era complicado porque você aparece e aquilo já vem à tona, dá para ver de cara. E é emocional. Se você está preocupado, se acentua – contou o artista. – É uma disfunção provocada pela carência de sono. Quanto menos você dorme, mais propensão ao tremor essencial você tem. Nunca fui o sujeito que mais dormiu na vida. Estou melhor agora”, disse.

A IstoÉ Gente conversou com Wanderley Cerqueira, neurocirurgião e neurologista do Hospital Albert Einstein e da Rede D’Or, que explicou tudo sobre tremor essencial, doença diagnosticada nos cantores Caetano Veloso e Djavan. Confira!


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“O tremor essencial é uma desordem neurológica que afeta cerca de 0,5 a 6% da população, e que causa um tremor involuntário em diferentes partes do corpo quando está em movimento. A incidência maior é entre a população acima dos 65 anos, e acomete igualmente homens e mulheres. É muito raro acometer pessoas jovens, mas pode acontecer. O tremor essencial é um tipo de tremor que surge durante os movimentos, e pode acontecer em diferentes partes do corpo. Normalmente, está mais presente nas mãos, braços, na cabeça, língua e na voz”, começa o médico.

“A piora do quadro se manifesta durante os movimentos tais como: ao tomar uma xicara de café, ao levantar e manusear algum objeto e, em casos graves, pode prejudicar até a fala. O estresse e nervosismo também podem piorar o quadro do tremor pois, o paciente fica angustiado ao não conseguir controlar esses tremores. O diagnóstico costuma ser clínico, e é importantíssimo salientar que esses tremores já podem estar ocorrendo há pelos três anos no paciente. O que acontece é que, muitas vezes, as pessoas não percebem, ou não dão a devida importância”.

“Por isso é importante observar o histórico familiar sobre doenças neurológicas, se existem fatores que melhoram ou pioram a condição, se a pessoa usa drogas ou medicamentos e a localização desses tremores. Sua causa exata é desconhecida, mas cerca de 50 % dos casos tem origem genética e ainda pode acontecer por uso de drogas, álcool, de nicotina, cafeína em excesso, antidepressivos, antipsicóticos ou alguns medicamentos para asma e arritmiacardíaca”, continua o Dr. Wanderley Cerqueira.

Tremor essencial é diferente de Parkinson

Os pacientes portadores da doença de Parkinson, têm vários tremores, mas a principal diferença entre o Parkinson, e os tremores essenciais é que a segunda doença causa outros sintomas além dos tremores como: problemas com o equilíbrio, rigidez no corpo, postura inclinada, movimentos lentos.

Nos pacientes com Parkinson, normalmente os tremores se concentram em apenas um lado do corpo, e surgem quando o paciente está em repouso, parado, em estado de relaxamento.

Já nos tremores essenciais, o sintoma costuma ser bilateral (de apenas um lado) e os tremores aparecem quanto o paciente se movimenta.

Os sintomas dos tremores essenciais são:

Tremores apenas nas mãos, membros superiores, cabeça ou voz

Tremores que persistem há mais de três anos

Tremores dos dois lados do corpo (bilateral)

Ausência de outras doenças neurológicas

Tratamento

O tratamento para os tremores essenciais é medicamentoso com drogas via oral como Topiramato, Propranolol, Primidona e benzodiazepínicos.

O tratamento também pode necessitar da aplicação de botox terapêutico, chamado de tipo A, um produto diferente do botox estético.

Caso a doença tenha uma certa gravidade, é possível amenizar o problema por meio de cirurgias, como a técnica de implante de eletrodo cerebral profundo com estimulação.

Cura

Não existe uma cura para os tremores essenciais e os sintomas podem piorar com o tempo, mas não abreviam o tempo de vida da pessoa, como no Parkinson que é uma doença que tende a progredir à medida que o cérebro produza cada vez menos dopamina.