O empresário Elon Musk anunciou no X (antigo Twitter) durante a segunda-feira, 29, que o primeiro ser humano a receber um implante cerebral está se recuperando bem após a cirurgia conduzida no domingo, 28. O chip da Neuralink, uma companhia de nanotecnologia, busca monitorar a atividade dos neurônios e permitir o controle de celulares e computadores apenas pelo pensamento, de acordo com o empresário.

+ Startup de Musk vai poder testar chips cerebrais em humanos

+ O que os chips cerebrais realmente podem fazer?

A Neuralink recebeu a autorização de conselhos de fiscalização para aplicação do aparelho durante o ano passado, e em setembro, a empresa anunciou que buscava as primeiras “cobaias” humanas. Seriam qualificadas ao teste pessoas que possuem tetraplegia devido a lesão na medula espinhal ou ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). “Os primeiros usuários serão aqueles que perderam o controle dos membros”, declarou Elon Musk no X.

“O primeiro produto da Neuralink se chama ‘Telepatia’”, afirmou o magnata sobre o equipamento que integra o projeto BCI, ou ICC (Interface Cérebro-Computador), após anúncio dos testes iniciais. Segundo a companhia, em comunicado emitido em setembro de 2023, o implante não é visível após ser inserido e tem a intenção de transmitir os sinais dos neurônios para um aplicativo que decodifica a intenção de movimento do usuário.

O chip é uma sonda que contém três mil eletrodos conectados a fios que possuem a finura de um fio de cabelo. Os objetivos do aparelho seriam permitir que o cérebro “baixe” informações e memórias do interior da mente, possibilitar tratamento para cegueira e paralisia, além de buscar a telepatia, o que, segundo Elon Musk, auxiliaria em uma vitória humana durante uma guerra contra a inteligência artificial.

Em 2019, o empresário revelou imagens de um macaco jogando pong com o cérebro após receber um implante. Entretanto, especialistas afirmaram à Deutsche Welle que um processo de telepatia não seria tão viável. “O problema fundamental é que não sabemos onde ou como os pensamentos são armazenados”, explicou o pesquisador de ICC do Imperial College de Londres, Juan Alvaro Gallego.

O engenheiro neural Giacomo Valle, da Universidade de Chicago, esclareceu que não é possível “ler a mente” das pessoas. “A quantidade de informações que podemos decodificar do cérebro é muito limitada”. Apesar de a cirurgia de inserção do objeto ter sido aprovada, o procedimento é invasivo e pode ocorrer uma infecção ou rejeição imunológica mesmo após muito tempo do implante.

Segundo a Reuters, a Neuralink teria sido multada por violar regras relativas ao transporte de materiais perigosos da DOT (Departamento de Transporte dos EUA – em tradução). Relatórios veterinários também supostamente mostraram que macacos submetidos ao procedimento teriam desenvolvido problemas como a paralisia, convulsões e inchaço cerebral.