Não é novidade que a pandemia trouxe dois anos de muitas incertezas no cenário cultural, enquanto cinemas e teatros fechavam as portas, mesmo que temporariamente, os pijamas e os canais de streaming eram sinônimos de sucesso. Por isso, surpreende que justo a Netflix, maior plataforma a oferecer o serviço de filmes e séries on demand, tenha sofrido um prejuízo bilionário e até perdido assinantes pouco tempo depois dessa bonança originada pelo isolamento social.

No último relatório divulgado aos investidores, a Netflix anunciou que em apenas três meses, duzentos mil assinantes abandonaram suas contas e o temor é que esse número possa chegar a dois milhões em todo o mundo.

O sumiço dos assinantes, além de refletir no bolso – o prejuízo foi de US$ 49 bilhões – também é sentido no conteúdo original que a empresa estava disposta a entregar desde que começou a investir em conteúdo com o seu próprio selo. Com cancelamentos de diversos títulos, sobrou até para um dos projetos da carreira “pós-realeza” de Meghan Markle, a duquesa de Sussex.

A Netflix anunciou no último domingo a decisão de parar com os trabalhos na série animada de Meghan, “Pearl”, enquanto revisa seu conteúdo em animação a ser lançado no futuro. Isso porque as produções nesse formato, bem como as repletas de efeitos especiais, levam o custo do que já era caro às alturas.

Chamou a atenção do público o fato de a plataforma não ser a única a investir no projeto e ele ser cancelado mesmo assim. “Pearl” teria produção executiva da “Archerwell Productions”, empresa formada por Meghan e seu marido, o príncipe Harry e contaria a história de uma jovem adolescente que se inspira na vida e obra de grandes mulheres. Será que há chance de “Pearl” ir para algum outro canal de streaming?

A concorrência de outras plataformas como HBO Max, Amazon Prime e Disney +, por exemplo, também é um dos motivos para a derrocada financeira da empresa. Com preços mensais cada vez mais elevados, o consumidor precisa escolher por qual serviço irá pagar e a “idosa” Netflix acaba sendo desfavorecida. Será que o conteúdo das plataformas mais novas é um motivo real de preocupação? O compartilhamento de senhas, para driblar valores das diversas contas, certamente entra na conta do prejuízo.

A Netflix estima que cem milhões de lares em todo o planeta compartilham suas contas com parentes e amigos. Se os problemas são muitos, a solução é assustadora: aumento do preço da assinatura e a provável inclusão de anúncios durante a programação. Ou seja, será que a Netflix virará um mero canal de TV a cabo transmitido pela internet?