O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta quarta-feira, 21, que está aberto a um “cessar-fogo temporário” na Faixa de Gaza, em meio ao aumento da pressão internacional contra a ofensiva israelense e o bloqueio da ajuda ao território palestino.
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“Se houver uma opção para um cessar-fogo temporário, para libertar os reféns, estaremos prontos“, declarou Netanyahu, durante coletiva de imprensa em Jerusalém. Ele reiterou que “toda a Faixa de Gaza” estará sob o controle do Exército israelense ao final da ofensiva em curso.
“Devemos evitar uma crise humanitária, para manter nossa liberdade de ação operacional”, ressaltou o premier, horas após tropas de Israel realizarem “disparos de advertência” durante uma visita de diplomatas estrangeiros organizada pela Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada.
O Exército israelense explicou que a delegação “entrou em uma área onde não estava autorizada”, e que os soldados “que operam na região fizeram disparos de advertência para afastá-la”, antes de lamentar “o incômodo causado”.
A Autoridade Palestina condenou o que chamou de “crime abominável cometido pelas forças de ocupação israelenses”. Países europeus e a ONU (Organização das Nações Unidas) também denunciaram o incidente.
Netanyahu sob questão
O governo de Israel é alvo de críticas internacionais por permitir a entrada de uma quantidade ínfima de ajuda na Faixa de Gaza, comparativamente às imensas necessidades de sua população.
“Ninguém está distribuindo nada para nós. Todo mundo está esperando a ajuda, mas não recebemos nada”, declarou à AFP Umm Talal Al Masri, uma deslocada de 53 anos, residente na Cidade de Gaza, que reportou uma situação que chamou de “insuportável”.
Israel, que levantou parcialmente nesta semana o bloqueio total que impôs à Faixa de Gaza em março, afirmou que 100 caminhões que transportavam ajuda entraram no território nesta quarta-feira, após permitir o acesso de 93 na véspera e de uma dezena na segunda-feira. Mas a ONU manifestou que isso representa apenas “uma gota d’água no oceano”.
A ONG Médicos sem Fronteiras afirmou que o volume da ajuda que Israel permitiu distribuir não é nem de longe o suficiente para uma população de 2,4 milhões de pessoas, e tachou a decisão de uma “cortina de fumaça”, enquanto o assédio “continua”.